MO programa ‘Folha na TV’, realizado pelo Jornal Folha de Alagoas em parceria com a TVCOM Maceió, TV Maceió Agora e Rádio Maceió Agora, além de todas as redes sociais, entrevistou o agora aposentado juiz Marcelo Tadeu. Recém-filiado ao Partido Democrático Trabalhista (PDT), Tadeu deverá concorrer a uma das vagas à Câmara Federal.
Conhecido por sua autenticidade, posicionamento firme e independência frente à Corte alagoana, quando esteve na ativa foi uma voz dissonante das demais vozes togadas do Poder Judiciário Alagoano. Mesmo não estando mais na atividade judicante, continua fiel a suas ideias e visão de mundo.
Confira abaixo os principais pontos da entrevista que Marcelo Tadeu concedeu ao jornalista Cícero Filho no programa ‘Folha na TV’.
Aposentadoria como juiz
Do ponto de vista pragmático eu tinha 25 anos de atividade e já estava no final de carreira. Só me restava a desembargadoria no futuro. Contudo, eu não estava bem posicionado na lista de antiguidade, e merecimento no Judiciário brasileiro não é objetivo. Ele tem um verniz de objetividade para dar satisfação de ser um Poder republicano, mas na verdade não é. Tudo cai na subjetividade. Nessa subjetividade o Tribunal escolhe o magistrado que ele entende que deve servi-lo. A minha chance de ser desembargador por merecimento seria 0,000. Então, essa é a motivação de sair. Como poderia requerer a minha aposentação agora, e com o surgimento desse momento difícil do Brasil, um momento onde não tenho dúvidas de afirmar que estamos mergulhados num fascismo exagerado, para o qual, o Poder que eu fazia parte, o Judiciário, tem uma participação ativa extraordinária, infelizmente, até me envergonha. O Judiciário é um Poder fascista.
Carreira política
Eu acabei de ingressar no PDT e estou muito feliz. Um partido que tem história, que teve Leonel Brizola dando uma contribuição extraordinária para o país na vanguarda da luta democrática, e como hoje, a meu ver, a democracia está na iminência de quase sua ruptura e, consequentemente com ela irão os direitos sociais, direitos dos trabalhadores, direitos humanos… Portanto, se o povo entender que eu devo ir para o parlamento seria o local que eu gostaria de contribuir. Passei 25 anos aplicando a lei e agora gostaria de sair do campo da aplicação para o campo da criação, de modo que possa por lá, melhorar e contribuir na sua formulação para que a lei venha tão limpa que os juízes não ousem fazer suas criações subjetivas.
Objetivos
Justiça social. Igualdade. Vou lutar por um equilíbrio de classes sociais. Colaborar para que as classes mais altas do poder econômico sejam menos gananciosas e distribuam de forma mais justa as riquezas. Então, esse equilíbrio entre as classes é um dos meus principais objetivos. Para isso são necessárias várias formulações legislativas desde a concepção de Estado.
CURTE OU NÃO CURTE?
No quadro ‘curte ou não curte’ do programa ‘Folha na TV’ é apresentado ao entrevistado imagens de personalidades, instituições ou acontecimentos, pedindo ao convidado que diga se curte ou não curte a imagem e faça um breve comentário. Vejamos, portanto, as respostas do juiz Marcelo Tadeu.
Ciro Gomes – CURTE. “Acho que ele deveria melhorar os seus arroubos. É um pouco destemperado e isso prejudica. Eu curto e daria um recado pra ele dá uma maneirada, visitar um processo terapêutico de autoconhecimento para entender como controlar esses arroubos e ficar um estadista por excelência”.
Conselho Nacional de Justiça – NÃO CURTE. “Da forma que está não curto. Fui um dos autores de um anteprojeto na época de criação do controle externo e defendi a ideia que esse Conselho só daria certo se houvesse paridade entre membros do Poder e membros da sociedade civil. Da forma que foi construído tem pouca efetividade”.
Alfredo Gaspar de Mendonça – CURTE. “Teria que fazer uma ressalva. Curto porque é uma pessoa de bem, um homem público, presta serviço há muitos anos no Ministério Público, já tive oportunidade de trabalhar com ele. Porém, não curto a ideia que vem sendo lançada por ele, que eu tenho acompanhado na mídia, que é de relativizar as garantias individuais, sobretudo processuais, das quais sou intransigente em afirmar que elas têm que ser 100% asseguradas”.
Rui Palmeira – NÃO CURTE. “É interessante o prefeito Rui Palmeira. É aquele prefeito como se não tivesse prefeito. Como se ele não existisse. A cidade tá funcionando, mas eu não vejo com muita participação. A população não percebe o comando. Mas é uma sensação minha. Não é crítica negativa a pessoa dele, é um dado de realidade”.
Renan Filho – CURTE. “O governador Renan Filho me parece está fazendo um bom governo. Pelo menos é isso que eu tenho acompanhado. Na situação que nós estamos hoje mergulhados, com a crise estúpida, o fato de manter a estrutura de Estado funcionando com o vencimento dos servidores em dia e alguns investimentos fluindo, eu reconheço, por isso curto”.
Jornal Folha de Alagoas