Com um patrimônio declarado de R$ R$ 922.299,42, o senador e candidato à reeleição Benedito de Lira (PP), não tem do que se queixar da vida pública. Atualmente, o salário do senador, mesmo licenciado, é de R$ 33.763,00, mas ele não representa sequer a metade da renda mensal de Benedito, que recebe ainda três aposentadorias como ex-servidor público em Alagoas.
Da Câmara Municipal de Maceió, onde exerceu mandatos entre 1972 e 1980, Benedito recebe mensalmente R$ 3.465,00 em regime de pensão edílica, paga a vereadores aposentados. Pela Assembleia Legislativa, o senador recebe mais R$ 4.817,00 pela aposentadoria como deputado, cargo que ocupou nas décadas de 80 e 90. Mas a maior fonte de renda de Benedito de Lira como servidor aposentado vem do governo de Alagoas. O benefício como procurador de Estado inativo é de R$ 33.343,18. No total, as três aposentadorias de Lira somam R$ 41.625,18.
A aposentadoria de Lira como procurador de Estado chama a atenção não somente pelo alto valor, mas pela inexistência de qualquer parecer conhecido da Procuradoria Geral do Estado emitido com a assinatura do “procurador” Benedito de Lira. Também merece destaque o período em que o senador foi nomeado para o cargo: 1988, durante o governo do também senador e até recentemente candidato ao Governo de Alagoas na chapa de reeleição de Benedito, Fernando Collor de Mello (PTC). O fato é que a remuneração recebida por Lira como senador, somada às suas três aposentadorias em Alagoas, totalizam uma renda mensal de R$ 76.388,18.
Benedito de Lira também teria direito à aposentadoria como deputado federal por ter cumprido o mínimo de oito anos de mandato no cargo. No entanto, caso tivesse requerido o benefício, perderia o direito a uma eventual aposentadoria como senador, dentro do Plano de Seguridade Social dos Congressistas (PSSC), que prevê, entre outras coisas, a aposentadoria integral e reajustes no mesmo percentual do parlamentar na ativa – a chamada paridade -, acúmulo de benefícios que extrapolam teto constitucional e pensão integral em caso de morte.
Vale lembrar que, como senador, Benedito tem direito a verbas extras para aluguel de imóveis para escritório político, aluguel de veículos, combustível, alimentação, hospedagem, passagens aéreas e terrestres, correios e despesas com material de consumo. Apenas em 2017, os gastos do senador com as cotas para exercício da atividade parlamentar e os gastos não inclusos nessas cotas, ressarcidos pelo Senado, somaram R$ 254.845,09.
MANDATO LUCRATIVO
As atividades como parlamentar e agropecuarista garantiram uma evolução patrimonial significativa, registrada pelo senador Benedito de Lira (PP) na Justiça Eleitoral nas últimas três eleições. Em 2010, quando foi eleito para o Senado, Biu declarou um patrimônio de R$ 551.937,16, incluindo fazendas em Alagoas e Pernambuco, terrenos, casas e automóveis.
Os primeiros quatro anos de mandato fizeram bem ao bolso de Benedito, que declarou em 2014, quando disputou o governo do Estado, um patrimônio de R$ 723.220,66, um aumento de 31,03%. Em 2018, a fortuna do senador alcançou os R$ 922.299,42, um aumento de 27,53% em comparação com os bens relacionados pelo senador em 2014. Dessa forma, de 2010 a 2018, o patrimônio de Biu registrou um crescimento considerável de 67,10%.
A declaração de bens apresentada por Benedito de Lira em 2018 também causou problemas ao senador. Um suposto erro cometido no preenchimento da declaração de imposto de renda do exercício 2018 teria excluído vários bens em nome de Biu, como a Fazenda Estrela, avaliada em R$ 300 mil.
As negociações em torno dessa propriedade também foram investigadas pela Operação Turbulência, deflagrada pela Polícia Federal, em Pernambuco, para desmantelar um esquema de lavagem de dinheiro no Estado vizinho, que acabou sendo relacionado aos desvios de recursos da Petrobras, apurados pela Operação Lava Jato.
Benedito e seu filho, o deputado federal Arthur Lira (PP) foram intimados pela Operação Turbulência a depor sobre o repasse de recursos de empresários envolvidos no esquema pernambucano para gastos de campanha dos dois políticos nas eleições de 2010. Os inquéritos resultantes das investigações da Polícia Federal tramitam no Supremo Tribunal Federal.
Redação