O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Dyogo Oliveira, disse que a instituição tem condição de superar em 2019, o volume de desembolsos de R$ 70 bilhões previsto para este ano, mas aposta no crescimento do mercado privado no financiamento de investimentos. De acordo com ele, o mercado de capitais está se desenvolvendo muito rapidamente, há recursos significativos disponíveis atualmente e com a retomada do nível da economia isso deve se intensificar.
“Eu não gostaria de traçar aqui uma linha [de quanto o BNDES pode liberar no ano que vem], porque as discussões estão em andamento, mas o ponto principal é que não vejo risco de insuficiência de recursos para financiar investimentos”, disse após participar do lançamento da chamada para participação de empreendedores no programa de desenvolvimento de 60 startups e do edital para selecionar o gestor do centro de inovação, que vai implementar a segunda fase do projeto BNDES Garagem.
Oliveira disse que apesar deste cenário, é preciso melhorar o ambiente para o investimento. “[É preciso] melhorar a segurança jurídica, melhorar a qualidade da regulação, a modelagem dos projetos. Há uma série de coisas que precisam ser feitas neste ambiente para melhorar os investimentos, mas não há falta de recursos no BNDES, no sistema financeiro, nem nacional nem estrangeiro”, disse.
Aceleração
Embora os números de novembro ainda não tenham sido divulgados, Dyogo Oliveira adiantou que há uma aceleração de desembolsos e aprovações de projetos. Em infraestrutura, por exemplo, já foi registrado um crescimento de 30% nas aprovações de projetos de janeiro até o final de outubro, na comparação com o mesmo período do ano anterior.
O presidente admitiu, no entanto, que nos desembolsos o ritmo ainda foi devagar, com uma queda de pouco mais 10%, que pode ser resultado da sazonalidade muito grande com a transição da Taxa de Longo Prazo (TLP), mas o panorama deve mudar. “Acreditamos que em novembro e dezembro isso vai recuperar. Estamos trabalhando com a perspectiva de fechar o ano com R$ 70 bilhões, ou um pouco acima, de desembolsos, que seria mais ou menos a manutenção do patamar do ano passado”, disse.
Economia em 2019
Oliveira estimou que economia brasileira vai acelerar fortemente no ano que vem em virtude de uma série de incertezas que ocorrem ao longo de 2018. Na visão dele, em um ano de eleição normalmente há uma retração de investimentos porque há uma espera da definição do pleito para a tomada de decisões.
“[Há] uma aceleração forte na economia e a gente já começa a perceber sinais no dia a dia. Nos encontros com as empresas já notamos claramente uma mudança de ânimo. As empresas estão retomando os seus projetos de expansão. Há uma mudança muito grande de confiança. Os empresários estão muito mais confiantes. Vejo com muito otimismo a economia brasileira nos próximos anos”.
Dyogo Oliveira disse que deixará a presidência no fim do mês com a mudança de governo com uma instituição mais preparada. “O banco que vou entregar é um banco que teve uma mudança de foco muito importante e está financeiramente muito saudável. Teve mudanças de operações e se tornou um banco mais ágil. Reduzimos em 50 dias a média de tempo de aprovação dos projetos dentro do BNDES este ano e com as mudanças que estão sendo implementadas no próximo ano, com certeza, haverá redução ainda maior no tempo de análise”, disse. A média do ano passado era de 250 dias e agora está em 200.
Transição
Segundo o presidente, o banco está com uma situação econômico financeira confortável e não há grandes dificuldades no processo de transição com a troca permanente de informações. “A gente está interagindo muito bem e vamos ter uma transição muito tranquila”,
Segundo Dyogo Oliveira, pelas declarações públicas que tem acompanhado do seu sucessor na presidência do BNDES, Joaquim Levy, o novo governo vai manter as prioridades das ações que o banco vem tomando. “Acho que nós fizemos uma grande mudança de orientação do banco durante o governo do presidente Temer e acredito que essa mudança de orientação que o banco teve está na direção correta”, disse.
Oliveira falou também sobre os comentários do presidente eleito Jair Bolsonaro de que o banco tem caixas-pretas que precisam ser abertas. “Tomei isso como um incentivo, porque imagino que o presidente se referia a operações contratadas há muitos anos e não fazem parte da nossa gestão. Na nossa gestão o que fizemos foi exatamente uma abertura completa das informações sobre todas as operações do banco” disse.
AB