Maria Bethânia entra pela primeira vez no universo poético do samba de Nelson Cavaquinho (1911 – 1986), arquiteto de obra acinzentada pela sombra da morte que espreita com morbidez o ser humano acometido por dores, humilhações e abandonos.
A cantora baiana incluiu Luz negra (Nelson Cavaquinho e Amâncio Cardoso, 1961) no repertório do disco que vem preparando ao longo deste ano de 2018 para celebrar a Mangueira, escola de samba da cidade do Rio de Janeiro (RJ) que se sagrou campeã do Carnaval carioca de 2016 ao desfilar com enredo em homenagem aos 70 anos de vida e 50 de carreira de Bethânia.
É a primeira vez que a intérprete grava o carioca Nelson Cavaquinho, sambista associado à agremiação carnavalesca verde-e-rosa.
Produzido com arranjos de Letieres Leite, maestro da baiana Orkestra Rumpilezz, o álbum que Bethânia lança em 2019 gravita em torno do universo da Mangueira. Bethânia dá voz inclusive a alguns sambas-enredos da escola entre música inédita de Vanessa da Mata.
Adriana Calcanhotto também figura no time de compositores eleitos por Bethânia para o disco. De Calcanhotto, aliás, Bethânia acaba de registrar – na gravação ao vivo do show com Zeca Pagodinho recém-editada em CD e DVD – o samba A surdo 1, composto pela artista gaúcha para saudar a colega baiana e a Mangueira pela vitória histórica no Carnaval de 2016.
Mauro Ferreira, G1