A Polícia Civil de Minas Gerais confirmou, na manhã desta quarta-feira (15), a morte de mais uma pessoa devido à síndrome nefroneural. A vítima é um homem, que não teve a identidade e a idade divulgadas até a última atualização desta reportagem.
O paciente morreu no Hospital Mater Dei, região Centro-Sul de Belo Horizonte. O corpo deverá passar por exames e perícia no Instituto Médico-Legal (IML).
Uma força-tarefa investiga a relação das internações e mortes com o consumo da cerveja Belorizontina, da fabricante Backer. A substância tóxica dietilenoglicol foi encontrada em lotes do produto. Esta é a segunda morte relacionada ao caso confirmada oficialmente pela Polícia Civil. Há 17 notificações de pessoas doentes, segundo a Secretaria Estadual de Saúde (SES).
A primeira vítima da síndrome a morrer foi Paschoal Dermatini Filho, de 55 anos. Ele estava internado em Juiz de Fora e morreu em 7 de janeiro.
Uma terceira morte ainda resta ser confirmada. Trata-se de uma mulher com sintomas da síndrome nefroneural em Pompéu, região Centro-Oeste de Minas Gerais. Este caso não constava no último balanço oficial da SES, mas a Secretaria Municipal de Pompéu informou ter notificado a pasta estadual.
Entre os sintomas da síndrome nefroneural estão alterações neurológicas, além de insuficiência renal. De acordo com a presidente da Sociedade Mineira de Nefrologia, Lilian Pires de Freitas do Carmo, os primeiros sinais de intoxicação por dietilenoglicol são dores abdominais, náuseas e vômitos. O tratamento é feito no hospital, com monitoração, e tem o etanol como antídoto.
Lotes contaminados com substância tóxica
Em dois dias 568 garrafas da cerveja belorizontina já foram entregues em BH
Um laudo divulgado pela força-tarefa que apura o caso aponta que os lotes L1 1348, L2 1348 e L2 1354 estão contaminados por dietilenoglicol e monoetilenoglicol. A Backer considera que são dois lotes, sendo L1 1348 e L2 1348 duas linhas diferentes de um mesmo lote.
A substância tóxica foi encontrada em amostras de lotes da Belorizontina, que também usa o rótulo Capixaba, e em um tanque reservatório de liquido anticogelante, usado no processo de fabricação das cervejas da Backer.
Uma perícia contratada pela própria cervejaria confirmou a presença da substância tóxica na cerveja, conforme mostra o vídeo abaixo.
Casos investigados
A Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES) afirmou, nesta terça-feira (14), que os 17 casos investigados atingem pessoas de Belo Horizonte e de outras cinco cidades do estado.
Conforme a secretaria, são 12 notificações na capital mineira e os demais casos notificados são de moradores de:
Nova Lima, na Região Metropolitana;
São João Del Rei, no Campo das Vertentes;
São Lourenço, no Sul de Minas;
Ubá, na Zona da Mata;
Viçosa, na Zona da Mata.
Em quatro pessoas foram confirmadas a intoxicação pela substância tóxica dietilenoglicol.
‘Não bebam a Belorizontina’
O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) determinou, nesta segunda (13), que todas as cervejas da marca sejam recolhidas e que seja suspensa a venda de produtos. A medida é válida para qualquer rótulo da cerveja, além dos chopes, fabricado entre outubro de 2019 e janeiro. A Backer informou que pediu mais prazo à Justiça para fazer o recall.
A diretora de marketing da Backer, Paula Lebbos, pediu em entrevista coletiva nesta terça-feira (14) que as pessoas não consumam a cerveja alvo da investigação. A orientação vale também para a cerveja Capixaba, que é produzida no mesmo tanque e possui a mesma fórmula da Belorizontina, porém com rótulo diferente.
“O que estou pedindo é que não bebam a [cerveja] Belorizontina, qualquer que seja o lote. Eu não sei o que está acontecendo”, disse ela.
No início desta tarde desta terça (14), a Polícia Civil e o Mapa vistoriaram novamente a cervejaria Backer no bairro Olhos D’Água, na Região Oeste de BH. Nesta quinta-feira, a fábrica seguia interditada.
G1