O Palácio do Planalto afirmou nesta segunda-feira (20) que a atriz Regina Duarte vai a Brasília na quarta (22) para conhecer a Secretaria Especial da Cultura. Ela foi convidada pelo presidente Jair Bolsonaro para assumir o órgão. Os dois tiveram uma reunião no Rio de Janeiro para tratar do tema. Depois da conversa, ela escreveu que está “noivando” com o governo.
“Após conversa produtiva com o presidente Jair Bolsonaro, Regina Duarte estará em Brasília na próxima quarta-feira, 22, para conhecer a Secretaria Especial da Cultura do governo federal. ‘Estamos noivando’, disse a artista após o encontro ocorrido nesta tarde no Rio de Janeiro”, disse o Planalto na nota.
Em uma rede social, Bolsonaro escreveu que o noivado “possivelmente trará frutos” para o Brasil.
O ex-secretário de Cultura, Roberto Alvim, foi demitido pelo presidente na sexta-feira (17). Alvim caiu após a repercussão negativa de um discurso em que usou frases semelhantes às de um discurso de Joseph Goebbels, ministro da Propaganda do governo de Adolph Hitler, na Alemanha nazista.
O nome de Regina Duarte surgiu no mesmo dia, como favorito para a vaga. De acordo com o blog da Natuza Nery, a atriz afirmou que queria uma conversa “olho no olho” do presidente antes de se decidir sobre a vaga.
A reunião foi marcada para esta segunda. Depois de compromissos da agenda oficial no Rio de Janeiro, Bolsonaro conversou com a atriz no aeroporto, antes de embarcar de volta para Brasília.
A Secretaria da Cultura herdou as atividades do antigo Ministério da Cultura, extinto pelo presidente.
Histórico na política
Desde os anos 1970, a trajetória artística de Regina Duarte é marcada por atuação na política. Naquela década, Regina interpretou uma mulher divorciada na série “Malu Mulher”, da TV Globo, quando o tema ainda era tabu.
Em 1985, quando vivia a Viúva Porcina da novela “Roque Santeiro”, Regina participou da campanha de Fernando Henrique Cardoso à presidência de São Paulo – a primeira após o fim da ditadura militar. O apoio se repetiu em 1998, quando FHC tentava a reeleição como presidente.
Já no segundo turno presidencial em 2002, Regina Duarte ficou famosa ao dizer, no horário eleitoral do PSDB, que “tinha medo” da eleição de Luiz Inácio Lula da Silva. Ela pedia que os eleitores votassem no ex-ministro da Saúde José Serra, definido por ela como “homem dos genéricos, do combate à Aids.”
“Eu estou com medo, faz tempo que eu tinha esse sentimento. Po
rque eu sinto que o Brasil nessa eleição corre o risco de perder toda a estabilidade que já foi conquistada. Eu sei que muita coisa tem que ser feita, mas também tem muita coisa boa sendo realizada. Não dá para ir tudo para a lata do lixo”, dizia o texto.
“O outro, eu achava que conhecia, mas hoje não reconheço mais. Tudo que ele dizia mudou muito, isso dá medo na gente. Outra coisa que dá medo é a volta da inflação desenfreada, lembra?”, seguia Regina, fazendo referência a Lula.
Em 2016, o então candidato a prefeito e hoje governador de São Paulo, João Doria, publicou foto com Regina Duarte em uma rede social. Na postagem, classificou a atriz como “amiga de uma vida inteira”.
Já em 2018, na campanha de Jair Bolsonaro, Regina participou de um ato a favor do então candidato do PSL na Avenida Paulista.
Em entrevista ao jornal “O Estado de S. Paulo”, no período eleitoral, disse que Bolsonaro é “um cara doce, um homem dos anos 1950, como meu pai, e que faz brincadeiras homofóbicas, mas é da boca pra fora.”
Carreira como atriz
Regina Duarte estreou na televisão em 1965 aos 18 anos na novela “Deusa Vencida”, da Excelsior. Em 1969, fazia seu primeiro trabalho na Globo, em “Véu da Noiva”.
Três anos depois, se consagrou em “Selva de Pedra”, ao interpretar uma artista plástica com dupla identidade, Simone Marques.
Em 1975, voltou ao teatro, onde havia começado a carreira. Na peça “Réveillon”, buscava romper com a imagem de boa moça conquistada com seus personagens na TV.
Depois de um período fora da emissora, voltou à Globo em 1985 para interpretar seu papel mais conhecido, a viúva Porcina, de “Roque Santeiro”.
Após participações em séries, emendou dois de seus trabalhos mais conhecidos, “Vale tudo” (1988), de Gilberto Braga, e “Rainha da sucata” (1990), em uma protagonista escrita especialmente para a atriz.
Entre breves interrupções para voltar aos palcos, ainda teve tempo para interpretar três Helenas nas novelas de Manoel Carlos, “História de amor” (1995), “Por amor” (2006), na qual contracenou com a filha Gabriela, e “Páginas da vida” (2006).
No cinema, trabalhou em filmes como “Lance maior” (1968), “Além da paixão” (1985) e “Gata velha ainda mia” (2014).
Assessoria