“A experiência do turismo é campeã em gerar valores. É ela que nos faz ter uma visão da diversidade, de entender novos pontos de vista, de apreender a riqueza humana e a importância essencial de preservar a natureza”. A definição do especialista e consultor sênior de turismo da Rosenberg Grottera Business e Branding, Luis Grottera, reflete sobre a relevância das experiências enriquecedoras proporcionadas pelo turismo, atividade que celebra seu Dia Nacional nesta sexta-feira (8), no auge do debate sobre mudanças e adaptações impostas ao setor pela pandemia do novo coronavírus.
Especialistas do Brasil e de todo o mundo estudam e apontam novas condutas sobre questões sanitárias e de higiene que serão impostas aos setores de hotelaria, receptivos, transportes e outros segmentos da cadeia do turismo no intuito de proporcionar mais segurança, confiança e credibilidade aos viajantes. Além disso, novas estratégias comerciais, de vendas e de promoção dos destinos turísticos são debatidos e implementados a nível nacional e internacional.
Para o diretor executivo de Produtos Nacionais da CVCCorp – maior operadora de turismo da América Latina -, Claiton Armelin, o cenário pós-pandemia levará a mudança de comportamento no consumidor. “Diante do cenário atual, novas medidas de restrição e segurança sanitária devem passar a fazer parte das jornadas de viagens, tanto nos meios de transporte (aéreo e rodoviário) como nos hotéis e resorts. Em um primeiro momento, acreditamos também na mudança de hábito do consumidor, buscando mais locais abertos, como os destinos de praia, por exemplo”, pontua.
Representantes do setor em Alagoas também já estudam estas adaptações para um cenário pós-pandemia, como é o caso do hoteleiro e presidente do Maceió Convention Visitors e Bureau (CVB), Glênio Cedrim. “Com certeza teremos uma nova maneira de operar, adequando os empreendimentos às novas normas de higienizações e distanciamentos que serão definidas em breve, se possível avaliando mercados mais maduros e que retornarão a operar primeiro que nós, como observo ser o caso de Portugal, Espanha, entre outros”, revela.
A mudança na conduta com relação a questões sanitárias e de higiene também impactará diretamente nas empresas de receptivo, por serem responsáveis pelo transporte e pelos passeios de turistas. Alejandro Velásquez, diretor da Luck Receptivo, uma das mais atuantes empresas do ramo em Alagoas, revela que o setor em que atua, em especial, já está revendo condutas e colocando em prática os procedimentos necessários.
“Novos modelos de comportamento e atendimento deverão ser inseridos em nossa rotina de trabalho e prestação de serviços, atendendo as demandas sanitárias já existentes, como a utilização de máscara e álcool gel, como também condições mais rigorosas, com cuidados redobrados, além de respeitar o distanciamento social em veículos, locais que são oferecidos em nossos produtos, tanto na praia quanto nas cidades, protegendo assim não apenas os turistas, como também nossos colaboradores e parceiros. Infelizmente, essa mudança implicará no aumento de custos operacionais, os quais não estavam previstos. Mesmo assim, nosso receptivo está em contato com empresas alagoanas que oferecem esses serviços e consultoria para adequarmos na medida certa”, ressalta Alejandro.
Além dos cuidados e procedimentos adotados em prevenção à proliferação do coronavírus, outra preocupação da cadeia do turismo em Alagoas é a retomada da malha aérea, já que o maior mercado emissor de turistas para o Estado está nas regiões Sudeste e Sul do país.
“No nosso caso que trabalhamos com mais de 80% dos nossos leitos comercializados para o segmento de lazer sol e mar, onde nossos mercados emissores são os estados do Sudeste, Sul e Centro Oeste brasileiro, obrigatoriamente trabalhamos com viagens de média distância, utilizando a nossa malha aérea para Maceió. Neste caso, minha primeira preocupação será avaliar a retomada das aéreas com seus protocolos e a volta da segurança dos consumidores em voar novamente. Vencido isto, poderemos imaginar o retorno do turismo de lazer gradualmente e baseados nesta confiança do mercado”, pontua Glênio Cedrim.
Quanto à malha aérea, o secretário de Estado do Desenvolvimento Econômico e Turismo, Rafael Brito, revela que a retomada de parte dos voos pode acontecer ainda nos primeiros meses do segundo semestre. “A previsão é que a malha área volte em julho com 30% da capacidade pré-crise, e que vá subindo conforme for aumentando a procura. A ideia é que em dezembro, estejamos com, pelo menos, 80% da nossa malha aérea recuperada. Estamos em contato direto com as principais companhias aéreas e operadoras de turismo traçando novas estratégias para que o Destino Alagoas esteja na vitrine dos grandes players de turismo do Brasil e do mundo para que, quando os voos retornarem à normalidade o que, segundo especialistas, acontecerá de forma gradual, o Estado esteja entre as primeiras opções de destino para quem optar por viajar”, explica.
Maceió como um dos destinos procurados pós-pandemia
Uma pesquisa recente do portal de notícias TRVL Lab, especializado em turismo Panrotas, revela que os destinos de Sol e Mar seriam os mais procurados pelos viajantes pós-pandemia. A região Nordeste, inclusive, liderava a lista de preferência dos mais de 600 profissionais e viajantes ouvidos pelo levantamento. O dado vai de encontro com a informação revelada pela CVC, de que Maceió, que se destaca neste segmento, está entre as cidades mais procuradas.
“A maior demanda por orçamentos, seja no site ou nesse momento que as lojas atendem de forma remota, está para o período de embarque a partir do feriado de outubro e de novembro de 2020 a fevereiro de 2021 para destinos de praia e sol, entre eles a cidade de Maceió, que já é um destino que, tradicionalmente, está entre os top 5 destinos mais buscados entre os clientes da CVC. Hotéis e resorts do Nordeste, por exemplo, já têm oferecido tarifas para a CVC mais em conta do que o mesmo período do ano passado”, revela Claiton Armelin, Diretor Executivo de Produtos Nacionais da CVCCorp.
Para aproveitar essa tendência, os empresários do turismo alagoano têm buscado traçar novas estratégias comerciais e de venda para manter o mercado aquecido. “Por enquanto, devemos otimizar nossa comercialização e mobilização do nossos produtos e destino online, incluindo capacitações em conjunto com os agentes de viagens, as agências e operadoras de turismo. Precisamos trilhar inovações para entender e transmitir para o cliente que, provavelmente, estará cauteloso e indeciso, o que há de melhor para ele em nosso destino”, pontua Alejandro Velásquez.
Já na hotelaria, Glênio Cedrim ressalta que há um trabalho para conhecer o novo perfil do viajante. “Estamos trabalhando com a nossa área de inteligência competitiva buscando conhecer o novo perfil de consumidor potencial para nossos hotéis e para experiências de sol e mar em Maceió. Paralelo a isso, de forma associativa, teremos juntamente com os governos municipal, estadual e federal um trabalho de incentivo ao consumidor nacional a retornar a viajar”, explica.
Ações inovadoras para promoção do Destino Alagoas também têm sido implementadas e incentivadas pelo executivo estadual para que os produtos turísticos do Estado estejam em evidência no mercado pós-pandemia.
“Haverá, certamente, uma demanda reprimida no mercado do turismo. Ficamos muito tempo em casa, quem puder, irá viajar e se deslocar para lugares com sol, mar e praias paradisíacas como Alagoas. Estamos encabeçando capacitações online de agentes de viagens e operadores de turismo, nacionais e internacionais, informando a estes profissionais que vendem o produto que nosso Destino estará preparado e adequado para esta nova realidade que se impõe. Como as principais operadoras e pesquisas já apontam, voltaremos a liderar os rankings de procura por destinos e, provavelmente, sairemos desta crise mais rápido e fortalecidos”, ressalta Rafael Brito, secretário de Estado do Desenvolvimento Econômico e Turismo de Alagoas.
Assessoria