O Governo de Alagoas e o Programa das Nações Unidas para os Assentamentos Humanos (ONU-Habitat) iniciaram a execução de um projeto para o enfrentamento da pandemia do coronavírus nas 100 grotas de Maceió. O projeto é o único do Brasil selecionado entre 56 propostas do mundo e é financiado pelo Fundo Emergencial para Atividades de Apoio ao Combate à COVID-19.
“COVID-19: Monitoramento e Resposta Rápida Baseada em Evidências em Assentamentos Informais de Maceió & Intercâmbio de Conhecimento com o Rio de Janeiro e Cidades Lusófonas”. O projeto de grande nome revela um objetivo ainda maior: auxiliar a gestão pública a criar e priorizar ações nas grotas de Maceió.
O projeto terá uma duração de 3 meses e possui dois componentes principais. O primeiro é a produção de dados, que tem como objetivo o levantamento de informações junto a líderes comunitários e à população das grotas de Maceió por meio de pesquisa telefônica – a primeira rodada de entrevistas teve início no dia 17 de julho. O segundo é a participação e engajamento comunitário que tem o intuito de envolver jovens moradores das grotas na criação de conteúdos de comunicação para conscientização e difusão sobre a Covid-19 nas grotas, e fora delas também.
Os dados coletados servirão de embasamento para um diagnóstico sanitário e socioeconômico que auxiliará na formulação de soluções emergenciais e políticas de sustentabilidade para melhoria das condições de vida nessas localidades.
Na primeira pandemia no mundo urbanizado – quando a população urbana é superior a 50% –, o ONU-Habitat buscou estruturar respostas à calamidade sanitária que se abateu sobre as cidades, principalmente sobre os espaços de maior vulnerabilidade, como grotas, favelas e outros assentamentos informais.
Para o governador Renan Filho, essa ação é extremamente importante para fortalecer ainda mais as políticas públicas voltadas para a população em situação de maior vulnerabilidade. “Vamos identificar, com um olhar ainda mais apurado, as necessidades da população das grotas nesse momento de pandemia e de que forma atuaremos na posterior recuperação econômica e aumento da qualidade dessas famílias. Parcerias como essas, com as Nações Unidas, destacam as políticas públicas do Estado de Alagoas e o Vida Nova nas Grotas, uma das principais ações para cuidar de maneira próxima de quem mais precisa”, afirma.
“Queremos entender melhor essa dinâmica para organizar uma resposta mais articulada com essa realidade. Como adaptar e acompanhar essa população de maneira que o impacto da Covid-19 seja menos agressivo nesses assentamentos informais”, aponta Alain Grimard, Oficial Sênior Internacional do ONU-Habitat Brasil.
Por meio do componente de participação e engajamento comunitário do projeto, um grupo de jovens moradores das grotas, que atuarão como multiplicadores, terão a oportunidade de fazer um intercâmbio virtual com líderes e jovens de favelas do Rio de Janeiro e de países da África Lusófona, como Guiné Bissau, Moçambique e Angola.
“Outro objetivo é também trabalhar com os jovens dessas comunidades para que eles produzam conhecimento com a linguagem que eles utilizam – deles para eles mesmos – e para que a gente possa ampliar os conhecimentos das medidas preventivas, dos direitos, de como a grota está se comportando frente à Covid e do que as pessoas podem fazer diante da pandemia”, relata Rayne Ferretti Moraes, Oficial Nacional do ONU-Habitat.
Vida Nova nas Grotas
O trabalho do Governo em parceria com o ONU-Habitat na capital alagoana vem sendo desenvolvido desde 2017 e já beneficiou milhares de moradores de grotas com a melhoria da mobilidade urbana, intervenções nas moradias e ações sociais.
Para o secretário de Transporte e Desenvolvimento Urbano, Mosart Amaral, responsável pelas obras de mobilidade urbana nas comunidades, esse é um projeto de extrema importância para os moradores das grotas que vivem em condições desfavoráveis e estão vulneráveis. “Veio, certamente, em boa hora para que possamos ter elementos que auxiliem na eficácia das ações desenvolvidas pelo Governo do Estado no enfrentamento à Covid-19”, disse Mosart.
“Sabemos dos grandes esforços que o Governo de Alagoas fez e da falta de conhecimento que havia sobre essa realidade”, reconhece o Oficial Sênior Internacional do ONU-Habitat Brasil, Alain Grimard. “Selecionamos Alagoas muito bem. O projeto emergencial de enfrentamento à Covid-19 produzirá evidências para melhorar a eficiência do Vida Novas nas Grotas e, então, atrair outros olhares, de outras esferas de governo e de outras organizações”, pondera.
“Para o ONU-Habitat, é muito importante manter as relações, comunicações e atividades concretas com as autoridades de Alagoas e com a população mais carente das grotas”, revela Alain Grimard. “A pandemia certamente impactará o futuro urbano de Maceió, e o trabalho do ONU-Habitat no estado, assim como as ações do Programa Vida Nova nas Grotas, são hoje ainda mais urgentes. Com isso, pensamos em como agir mais concretamente e tentar compreender as consequências da Covid-19 nos assentamentos informais – que possuem densidade mais alta, menor chance de distanciamento social, mais déficit de estrutura urbana e problemas que não existem em outros bairros de Maceió”, esclarece Alain.
Assessoria