Vacinas contra a Covid-19, doença provocada pelo novo coronavírus, poderão ser aprovadas com mais rapidez após resultados de testes indicarem segurança na imunização, afirmou a cientista-chefe da Organização Mundial da Saúde (OMS), Soumya Swaminathan, nesta sexta-feira (24).
Swaminathan disse que os testes sobre a eficácia e segurança das vacinas – um processo que geralmente leva anos – poderão ser acelerados para seis meses em meio à pandemia, caso os dados tenham informação suficiente para emitir registros.
Ainda assim, disse ela, a segurança será fundamental.
“Embora a velocidade seja importante, ela não pode acontecer ao custo da comprovação dos padrões de eficácia e segurança”, disse ela. “Não é o caso de que a primeira vacina será apressadamente injetada em milhões de pessoas sem estabelecer se realmente protege e se é suficientemente segura para uso em larga escala na população”, afirmou Swaminathan .
Vacinas com testes avançados
Nesta segunda-feira (20), duas vacinas contra a Covid-19 – a de Oxford e da chinesa CanSino – tiveram resultados positivos em estudos preliminares. Ambas apresentaram resposta imune ao vírus e bons índices de segurança.
Os resultados são dos ensaios clínicos ainda em fase preliminar (fase 1 e fase 2). É no ensaio de fase 3, com um número maior de participantes, que a eficácia da vacina é comprovada em uma população maior, antes de considerar sua comercialização em larga escala.
Para que reguladores aprovem uma vacina, os desenvolvedores terão de acompanhar os voluntários dos ensaios clínicos por meses e demonstrar que há poucas infecções entre as pessoas que receberem a vacina na comparação com aqueles que receberam um placebo.
“Gostaríamos de ver a maior taxa de proteção possível – entre 80% e 90% – isso seria fantástico”, disse ela.
Swaminathan alertou que somente um pequeno número de potenciais vacinas contra a Covid-19 deve passar por todos os estágios de testes e ser aprovado para uso.
“Temos um conjunto bastante robusto de candidatas a vacina, o que é excelente, porque normalmente a taxa de sucesso é de cerca de 10%”, afirmou.
Indagada se o mundo poderia superar a pandemia de coronavírus sem uma vacina, Swaminathan disse que buscar a “imunidade de rebanho” seria mortal.
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Cerca de 60% de uma população precisa ser infectada para adquirir a imunidade de rebanho, disse ela, um patamar que faria com que muitas pessoas morressem da doença.
Mais de 160 vacinas em testes
Segundo a OMS, há 166 potenciais vacinas contra Covid-19 em desenvolvimento, com 24 sendo testadas em humanos e algumas delas entrando no estágio avançado de estudos em milhares de pacientes.
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As etapas de produção de uma vacina envolvem 3 fases:
Fase 1: avaliação preliminar com poucos voluntários adultos monitorados de perto;
Fase 2: testes em centenas de participantes que indicam informações sobre doses e horários que serão usados na fase 3. Pacientes são escolhidos de forma randomizada (aleatória) e são bem controlados;
Fase 3: ensaio em larga escala (com milhares de indivíduos) que precisa fornecer uma avaliação definitiva da eficácia/segurança e prever eventos adversos; só então há um registro sanitário
Embora os estudos avancem em todo o planeta, o prazo de 12 a 18 meses para liberação é considerado um recorde. A vacina mais rápida já criada, a da caxumba, levou pelo menos quatro anos para ficar pronta.
Outra hipótese contra a qual todos os pesquisadores lutam é a de que uma vacina efetiva e segura nunca seja encontrada. O vírus do HIV, que causa a Aids, é conhecido há cerca de 30 anos, mas suas constantes mutações nunca permitiram uma vacina.
G1