Guilherme Carvalho Filho – Repórter (Jornal Folha de Alagoas)
Enquanto os alagoanos amargam o aumento de 10% da conta de energia em plena pandemia, a Equatorial Alagoas só pensa em faturar. Além de prestar um péssimo serviço no Estado, lançou uma campanha de negociação de dívidas.
Em material distribuído à imprensa, a empresa reconhece a crise financeira e fala que o acordo “têm como objetivo auxiliar o cliente que sofreu com os impactos econômicos, em decorrência do período da pandemia e acabou acumulando contas de energia”.
Entretanto, os alagoanos ainda não se reergueram por inteiro – e não há prazo para isso -, uma vez que o comércio, bem como outras atividades, voltaram a funcionar há pouco tempo.
CORTES
É importante destacar a Equatorial já está autorizada pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) a suspender o fornecimento de energia por inadimplência. A informação foi confirmada pela Assessoria de Comunicação da distribuidora.
AUMENTO
O reajuste de 10% na conta de energia começou a valer no início do mês passado. O deputado federal Marx Beltrão (PSD), líder da bancada alagoana no Congresso, criticou a medida por meio das redes sociais.
“Em plena pandemia, com as pessoas em isolamento social, consumindo mais energia em suas casas, com sua renda reduzida e sem poder trabalhar, muitas vezes sem pagar suas contas, um aumento na conta de energia é simplesmente inconcebível e vergonhoso”, disse o parlamentar, que classificou o reajuste como abuso. Vale lembrar que a Equatorial abocanhou 1,1 bilhão do BNDS”.
QUEDAS CONSTANTES
Moradores de todas as partes da capital alagoana, e também do interior, sofrem com as constantes quedas de energia. Na Ponta Verde e bairros adjacentes, pelo menos cinco baixas foram registradas ao longo desta semana.
“Se algum equipamento quebrar, a Equatorial vai pagar o prejuízo?”, indagou a consumidora Evania Rocha. “Não aguentamos mais as quedas recorrentes em nossa rede elétrica. Um péssimo serviço prestado e um desrespeito enorme com o consumidor”, completou a dona de casa Santuza Rodrigues.
“Não podemos admitir mais tanto abuso contra nossa gente. Basta”, reforçou deputado Marx Beltrão.
Para ele, “é um combo de desrespeito ao povo de Alagoas: aumento da tarifa da energia no meio da pandemia, empréstimo bilionário com dinheiro público, lucro gigante, e ninguém sabe cadê os investimentos previstos no contrato”.
O Ministério Público Federal (MPF) foi acionado para checar como andam os investimentos que a Equatorial tem a obrigação de fazer, mediante contrato em Alagoas no valor de 545 milhões.
DEMISSÃO EM MASSA
Em março do ano passado, o grupo Equatorial Energia assumiu o controle da estatal Eletrobras/ Alagoas, após um processo de venda. Menos de um ano depois, 700 trabalhadores e trabalhadoras foram demitidos e substituídos por terceirizados.
De acordo com a Central Única dos Trabalhadores (CUT/AL), a empresa trocou os medidores de energia que, agora, computam um aumento no consumo que não houve de fato, promove cortes no fornecimento e a queda na qualidade da prestação dos serviços é generalizada.
Ainda conforme a CUT, a situação é tão crítica que a Equatorial Energia se tornou a campeã de reclamações no Procon de Alagoas.
A Folha de Alagoas está à disposição para esclarecimentos por parte da distribuidora.