O ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, reafirmou nesta segunda, 11, que o Brasil poderá iniciar a vacinação contra a covid-19 em 20 de janeiro, durante discurso feito em Manaus (AM). O titular da pasta disse que há outros dois possíveis períodos para início do calendário de imunização da população brasileira: o de médio prazo, compreendido entre 20 de janeiro e 10 de fevereiro, e o mais “dilatado”, entre 10 de fevereiro e início de março.
Caso nos próximos dias a Anvisa autorize o uso emergencial de 6 milhões de doses da vacina Coronavac importada, não a produzida no Instituto Butantã, e de 2 milhões de doses importadas da Índia, já pagas, do medicamento da AstraZeneca/Oxford, cuja importação já foi autorizada pela Anvisa, dependendo agora da vontade do país de liberar a saída do lote para o País, o Brasil poderá ser a nação que mais vai vacinar no mundo, segundo o ministro.
“Todos o Estados receberão simultaneamente as vacinas, no mesmo dia. A vacina começará no dia D na hora H no Brasil. No primeiro dia que chegar a vacina ou a autorização for feita, a partir de terceiro ou quarto dia já estará nos Estados e municípios para iniciar a vacinação. A prioridade já está dada, é o Brasil todo. Vamos fazer como exemplo para o mundo. Os grupos prioritários já estão distribuídos. Os números já estão distribuídos pelas 3 hipóteses: 2 milhões, 6 milhões ou 8 milhões agora para janeiro. Sabe o que vai acontecer se forem 8 milhões? Nós vamos ser o país que mais vai vacinar no mundo, e quero ver o que vão dizer”, afirmou Pazuello.
Nas contas do ministro, o mundo vacinou até o momento uma quantidade de pessoas equivalente à população de São Paulo. “Sabem qual é a maior pressão no mundo hoje? ‘Muitos estão vacinando, o Brasil está atrasado’. Somem quantas doses foram aplicadas no mundo, todas. Sabe quanto dá? No mundo, dá a cidade de São Paulo, somando tudo. Tem que lembrar que tem que dividir por dois. Você imuniza uma grande cidade, o resto não. E nós temos que ouvir que estamos atrasados?”, questionou.
Para Pazuello, o que fica “claro” é que ou o Brasil produz a vacina contra o novo coronavírus ou não será possível vacinar todos os brasileiros. “O que fica claro? Que nós produzimos ou não vamos vacinar o povo brasileiro. Você não compra mais nada no exterior, a gente vive com a nossa capacidade no Brasil”, disse.
O ministro voltou a citar que o Brasil tem contratadas 354 milhões de doses de vacina. Segundo ele, esse total deve seguir 3 caminhos, todos eles para longo prazo:
Via Fiocruz para produção de 210 milhões de doses do imunizante da AstraZeneca/Oxford: 100 milhões até junho e 110 milhões até dezembro, com início de produção no final de janeiro.
Via Instituto Butantã, por meio de contrato para 100 milhões de doses. As 6 milhões primeiras são importadas do laboratório chinês Sinovac, cujo pedido de uso emergencial já foi enviado à Anvisa e aguarda resposta.
Via empresa privada União Química de 50 milhões de doses da vacina russa Sputnik, para as quais só há ainda memorando de entendimento do Ministério da Saúde. A empresa não começou no Brasil a fase 3 dos estudos e tem previsão de receber registro de uso da Anvisa só em maio.
Ao falar do Butantã, Pazuello fez questão de reforçar que todas as vacinas produzidas pela autarquia paulista irão para o Sistema Único de Saúde. “Só existe um contrato com o Butantã, que é o nosso, e é de exclusividade. Todas as doses compradas do Butantã irão para o SUS”, repetiu.
‘Indiferença precisa ser banida dos nossos corações’
Diferente da semana passada, Pazuello modelou hoje seu discurso em Manaus, que caminha ao colapso funerário em razão da disseminação da doença na capital e no Estado, pior que os índices registrados até outubro. Ele elogiou a imprensa, a ponto de dizer que ela é o “alicerce da informação no País”, disse que os 200 mil mortos não são números, mas pessoas, e que “a indiferença precisa ser banida dos nossos corações”. Após o prefácio, entrou com elogios ao chefe, o presidente Jair Bolsonaro.
Dose única
Pazuello deixou no ar a possibilidade de o Brasil adotar a dose única da vacina da AstraZeneca/Oxford. “Essas doses (210 milhões), que com duas doses vai a 90% (de imunização), com uma vai a 71%. Talvez a gente entre para a imunização em massa para reduzir a pandemia. Talvez o foco seja não na imunidade completa, mas na redução da contaminação, podendo aplicar a segunda dose, podendo ir à imunização de 90 e tanto %. Tudo isso vem da Fiocruz”, misturou ele as duas possibilidades.
Outras vacinas
O ministro citou outras três vacina que estão na mira do Ministério da Saúde. São elas:
Janssen, produzida pela Johnson & Johnson: na avaliação dele, é a melhor de todas as vacinas do ponto de vista técnico, logístico e econômico. O problema é que entregam poucas unidades, 3 milhões, só no segundo trimestre, a partir de maio.
Moderna, empresa norte-americana de biotecnologia, segundo ele, tem uma vacina boa, mas seu preço por dose é dez vezes maior que o da AstraZeneca/Oxford. Custa US$ 37, enquanto a feita pela empresa britânica sai por US$ 3,75. Além de ser cara, só tem para entrega a partir de outubro, e entre 5 e 6 milhões de doses, criticou Pazuello.
Pfizer, também norte-americana, apresenta problemas jurídicos, segundo o ministro, e de estoque. O titular da Saúde criticou três cláusulas do contrato de compra: isenção total de responsabilidade por eventuais efeitos colaterais, blindagem jurídica que determina que o Brasil abra mão de qualquer ação judicial sobre a empresa e manter ativos brasileiros disponíveis no exterior como caução. “Ativo é dinheiro e caução é aval num depósito ad aeternum para futuras ações. Eu topei”. Mas são 500 mil doses em janeiro, outras 500 mil em fevereiro e um milhão em março.
BR POLÍTICO