O vice-presidente Hamilton Mourão afirmou nesta quinta-feira (11) que o governo “não pode fazer um discurso de pânico” em meio ao agravamento da pandemia, pois é preciso dar condições para preservar a saúde da população e a capacidade de gerar renda.
Mourão concedeu entrevista ao chegar ao Palácio do Planalto. Na quarta-feira (10), segundo consórcio de imprensa, o Brasil país registrou 2.349 mortes pela Covid-19 em 24 horas – o maior número desde o começo da pandemia – e totalizou 270.917 óbitos.
A média móvel de mortes no Brasil nos últimos 7 dias chegou a 1.645. Em comparação à média de 14 dias atrás, a variação foi de 43%, indicando tendência de alta nos óbitos pela doença.
Mourão foi perguntado sobre a mudança de tom do governo em relação ao impacto da pandemia no país.
Na quarta (11), o presidente Jair Bolsonaro e ministros usaram máscara em uma cerimônia no Planalto, o que não é costume dentro do governo. O presidente deu declarações minimizando impactos da pandemia no país e já colocou em dúvida a eficácia de medidas aconselhadas por médicos e pesquisadores para evitar o contágio da doença, entre elas o distanciamento social e o uso de máscaras.
“Na nossa forma de pensar, não compete ao governo, vamos dizer assim, causar pânico. Compete ao governo tomar as medidas necessárias para que se resguarde a saúde da população e também a sua capacidade de gerar renda para que possa se manter. Essa é a competência do governo. O governo não pode fazer um discurso de pânico porque isso é pior ainda”, afirmou o vice-presidente.
A mudança de tom no governo em relação à pandemia, e de ações presidente Bolsonaro, ocorre em meio ao momento mais crítico da pandemia no país, com mortes em alta, falta de leitos em hospitais e escassez de vacinas.
Também ocorre discurso do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, com críticas à atuação do governo federal na pandemia.
Esforços
Segundo Mourão, o governo não poupou esforços para que estados e municípios pudessem reforçar a capacidade do sistema de saúde, socorreu empresas e atuou na área social com o auxílio emergencial. Para ele, é preciso “deixar claro” para a população os riscos provocados pela Covid-19
“Tem que deixar claro que existe uma doença, que ela atinge de forma grave em torno de 2%, 2,5% das pessoas que são contaminadas, e que pode levar a óbito, como vocês estão acompanhando isso daí”, disse.
Discurso de Lula
Mourão também comentou na entrevista a fala do ex-presidente Lula, na quarta-feira, após a anulação de todas as condenações relacionadas à Lava Jato, decidida pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Edson Fachin.
No discurso, Lula criticou Bolsonaro e afirmou que o Brasil está “totalmente desordenado e desagregado porque não tem governo.”
“Esse país não tem governo, esse país não tem ministro da saúde, esse país não tem ministro da economia, esse país tem um fanfarrão, um fanfarrão, um presidente que por não saber de nada diz ‘é tudo por conta do Guedes’. Enquanto isso, o país está empobrecido, o PIB caiu, a massa salarial caiu, o comércio está enfraquecido, o comércio varejista caiu, a produção de comida das pessoas está ficando insustentável. E o presidente não se preocupa com isso”, disse Lula na quarta.
Para Mourão, Lula foi “maniqueísta” e mostrou ser um político com ideais velhas e “analógico”, enquanto o governo do presidente Jair Bolsonaro é “digital.”
Segundo o vice, mesmo com a decisão de Fachin e as declarações do ex-presidente, “está sobejamente comprovado” que Lula “se envolveu em atos de corrupção e lavagem de dinheiro”, o que não será “apagado”.
Sobre a eleição de 2022, com uma possível disputa entre Lula e Bolsonaro, Mourão afirmou que o petista não vence a disputa por causa de suas ideias.
“Se o povo brasileiro quiser votar no Lula, paciência. Mas todos nós que entendemos o que acontece, nós que eu falo vai geral aqui no Brasil, sabe o que ele fez e deixou de fazer. Isso é algo que eu julgo, ele não vence uma eleição, não vence uma eleição. Por quê? Porque é um político velho, ele tem que mudar e mudar muito. E acho difícil nesta altura da vida, com quase 76 anos e vai concorrer a uma eleição com 77 anos, haver uma mudança”, disse.
G1