=-As mais recentes baixas na equipe econômica, como as na Petrobras e Banco do Brasil, fragilizaram ainda mais a situação do ministro da Economia, Paulo Guedes, dentro do governo Bolsonaro.
Agora, o principal desgaste vem do próprio Congresso, com impasse entorno do Orçamento de 2021, com aprovação de previsões de gastos e despesas que, para Guedes, podem levar o presidente a cometer crime de responsabilidade fiscal, se não for vetado.
Guedes entrou em rota de colisão com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), que já avisou ao Planalto que o ministro quer criar um clima de terrorismo, e que não há risco de impeachment por conta do orçamento.
Lira, nos bastidores, tem repetido a interlocutores do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) que recebe pedido de impeachment todos os dias, sendo que só em um dia recebeu cerca de 30 – e querer misturar o tema com a questão do Orçamento é “confusão”. Até a semana passada, havia cerca de 90 pedidos de impeachment contra Bolsonaro na Câmara.
A discussão sobre a peça orçamentária tomou o final de semana do governo e estava prevista para ser retomada nesta segunda-feira (5).
Entre assessores presidenciais, fontes aproveitaram para avaliar a situação de Guedes diante dos novos lances envolvendo a equipe econômica. Acham que, embora insatisfeito, Guedes apenas blefa quando sinaliza que pode deixar o governo. E, do lado do presidente, não há intenção de tirá-lo. Porém, nas palavras de um ministro presidencial, mesmo ficando, “é ficar mas não ficar com a força que achou que tinha”.
Para parlamentares ouvidos pelo blog, chama atenção também a disputa de Guedes, nos bastidores, com Rogerio Marinho, ministro do Desenvolvimento Regional que é da ala pró-gastos do governo. Guedes é contra, diz que a conta não fecha – mas o Planalto considera a atuação de Marinho fundamental para pavimentar o caminho para a reeleição de Bolsonaro em 2022.
Aliados do presidente no Congresso, que não acreditam na saída de Guedes por vontade própria, têm dito ao governo que ele está fragilizado nas negociações, e defendem que o ministério da Economia seja fatiado para “otimizar as pautas”, com a recriação do Ministério do Planejamento.
A ideia não é nova: o Planalto já ventilou a possibilidade no ano passado, mas não houve desdobramento.
Guedes já se opôs à ideia no passado, pois isso significaria esvaziar as suas funções. Mas, segundo fontes do Planalto ouvidas pelo blog, parlamentares do Centrão estão em outra posição de força junto ao governo, e a ideia, que conta com apoio de ministros de Bolsonaro, é trabalhar para que o projeto saia do papel e ganhe força novamente.
G1/Andrea Sadi