Da Redação
O senador por Alagoas, Renan Calheiros, respondeu que não entende o desespero do presidente Bolsonaro em tentar mudar os objetivos da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), que vai investigar possível omissão do Governo Federal em relação à pandemia.
“Se o Governo não cometeu erros e não praticou omissão, por que o desespero que nós verificamos ontem do presidente da República no telefonema com o senador Kajuru? Por que esse sobressalto com a CPI? A CPI será algo absolutamente normal, até porque é constitucional na vida pública brasileira”, falou o senador.
A declaração foi dada em entrevista nesta segunda-feira (12), quando Calheiros foi perguntado sobre a conversa relatada ontem entre Bolsonaro e Jorge Kajuru, na qual o presidente pediu que prefeitos e governadores sejam investigados na CPI, determinada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Barroso.
“Se não mudar o objetivo da CPI, ela vai vir para cima de mim. O que tem que fazer para ser uma CPI útil para o Brasil: mudar a amplitude dela. Bota presidente da República, governadores e prefeitos. Se não mudar, a CPI vai simplesmente ouvir o Pazuello, ouvir gente nossa, para fazer um relatório sacana”, disse Bolsonaro no telefonema.
“Aquela conversa foi cheia de ameaça, de insinuação e de tentativa de desbordar os limites da própria investigação, de modo a obscurecer qualquer investigação que possa fazer contra o Governo. Essa conversa é um ingrediente para o começo da CPI”, respondeu Calheiros.
O parlamentar também defendeu a finalidade da CPI de apurar os fatos e “iluminar os compartimentos escuros” que possam existir nos municípios, estados ou na União. Por fim, ele também teceu algumas críticas contra o atual presidente do Senado, Rodrigo Pacheco. “Ele errou demais”, disse a respeito da indecisão e demora para instalar a CPI.