Guilherme Carvalho Filho – Repórter
Funcionários dos Hospitais Veredas e Sanatório estão passando por necessidades devido à falta de pagamento. Ambos estão devendo os funcionários dois meses de salários. A situação no Sanatório ainda é pior: como se não bastasse o não pagamento, os trabalhadores estão sem vale-transporte. Alguns que tiraram férias em janeiro ainda não receberam 1/3, conforme prevê a legislação.
“Na última terça-feira o Sanatório creditou, na conta de 80% dos funcionários, o pagamento de fevereiro. O sindicato vem, ao longo do tempo, buscando um diálogo com a direção do Sanatório. A intransigência e arrogância da instituição faz com que a gente não encontre um meio termo para que os trabalhadores não sofrem”, reforçou o presidente do Sindicato dos Auxiliares e Técnicos de Enfermagem do Estado de Alagoas (Sateal), Mario Jorge Filho.
Funcionários não têm dinheiro para pagar a passagem de ônibus para trabalhar. “Eles alvos de advertências e punições, de até 10 dias, caso não compareçam ao serviço. É um absurdo. Como o trabalhador vai exercer sua função sem ter o recurso para custear o transporte?”, questionou o presidente do Sateal, em tom de indignação.
Em relação à greve da categoria no Sanatório, considerada ilegal pela Justiça, o sindicalista diz que o movimento foi justo, ordeiro e pacífico. “A direção do hospital estava ciente da paralisação. Todos os preceitos para a grave foram seguidos”.
A situação vai além: o Sanatório se encontra na zona vermelha do Pinheiro, em razão da extração de sal-gema pela Braskem. “Estamos pleiteando que o hospital seja transferido para outro local, considerando que o Sanatório se encontra em risco. Existem rachaduras na parede e no piso. O hospital diz que está tentando negociar com a Braskem, mas até agora nenhuma posição. Esperamos em Deus que não aconteça nada pior. Os funcionários trabalham estão bastante preocupados”, denunciou.
DE QUEM É A CULPA?
De acordo com Mário Jorge Filho, as unidades de saúde atribuem culpa à Secretaria Estadual de Saúde (Sesau) pelo atraso nos repasses. “É um jogo de empurra. Como ambos recebem emenda parlamentar, o atraso não é justificado. Os hospitais recebem recursos extra. Estão tentando enganar a população”.
VERGONHA
Profissionais de diversas áreas do hospital relataram para reportagem da Folha de Alagoas que estão sem dinheiro para fazer feira. “Tem gente aqui que não passa fome porque tem família, mas aqui é um caso de polícia desde a época do Açúcar (antigo nome do Hospital Veredas).
A Folha trará em sua próxima edição as emendas parlamentares destinadas para o Veredas e como os recurso são destinados na prática.
“Alguns diretores vivem como verdadeiros marajás, mas não é de salário, nem de trabalho”, colocou um trabalhador indignado.
CLODOLFO RODRIGUES
O Sateal entrou com ação na Justiça denunciando a gestão do Hospital Clodolfo Rodrigues, de Santana do Ipanema, por obrigar os trabalhadores da unidade afastados por comorbidades pela Justiça a compensar o tempo que não trabalharam. Em consequência disso, há profissionais que chegam a ficar 24 horas trabalhando dentro da unidade, situação considerada irregular.
Esses profissionais, afastados por força da lei devido a pandemia do coronavírus, já foram imunizados e estão sendo convocados a retornar aos postos. Em um dos depoimentos colhidos pelo Sindicato, o trabalhador descreveu a situação.
“Complicado demais. Primeiro estão querendo que paguemos os dias afastados sem descanso e folga. Praticamente vamos morar no hospital. Sem falar que estão colocando as pessoas com comorbidades em setores críticos. Já teve gente que retornou e testou positivo no plantão da área vermelha e mesmo assim continuou no plantão até o dia seguinte”, desabafou um funcionário.
A reportagem tentou contato com a direção do Sanatório e Veredas, mas não obteve êxito. O veículo está à disposição para maiores esclarecimentos sobre o assunto.
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