Por Leonardo Ferreira
O secretário estadual de Saúde, Alexandre Ayres, afirmou que está tranquilo em relação às acusações do presidente Bolsonaro sobre possíveis desvios de recursos em Alagoas, mas que é preocupante essa politização da pandemia. Em entrevista nesta sexta-feira (07), Ayres também lamentou o ritmo lento da vacinação.
“Por um lado, eu vejo com tranquilidade, porque tenho consciência do que tem sido feito. Na gestão dos recursos públicos, somos considerados o estado mais transparente do Brasil. Mensalmente, eu tenho apresentado um balanço das receitas e despesas da Secretaria de Saúde aos Ministérios Públicos federal e estadual, além de tudo ser aberto no Portal da Transparência”, disse Ayres acerca da fala de Bolsonaro.
“Por outro lado, vejo com grande preocupação essa tentativa de politização. Eu não tenho entrado no debate sobre a CPI da Covid, porque ela tem um viés específico: de investigar ações do Governo Federal no enfrentamento à pandemia. Então, não nos cabe aqui, enquanto gestor estadual, discutir ações da CPI”, completou, em entrevista à Mix/Folha.
O chefe da pasta da Saúde pediu que o Governo Federal foque na vacinação e na ciência, deixando o viés político de lado. Porém, reforçou que se houve equívocos, os culpados devem ser responsabilizados.
“Se o presidente da República vai às redes sociais para fazer uma acusação de tamanha importância, como ele já fez contra outros estados do Brasil, a gente espera que isso seja esclarecido e que a verdade apareça, porque a sociedade tem o direito de ter acesso a todas as informações”, enfatizou.
Mais polêmica
Outra polêmica durante a semana foi o início da imunização do sistema prisional, que engloba detentos e servidores. Sobre o tema, Ayres afirmou que a definição dos grupos prioritários segue o Plano Nacional de Imunização, baseado em critérios técnicos. Para ele, trata-se de mais uma polêmica vazia.
“A gente tem vivido de polêmicas nesses últimos tempos da pandemia, porque o Governo Federal não tem contribuído, então tivemos teoria de utilização medicamentosa para tratamento precoce não comprovada, outras teorias de repasses de recursos financeiros e agora essa discussão sobre a vacinação do sistema prisional”, contou.
“Temos um Plano Nacional de Imunização, que vem sendo criteriosamente seguido pelo Governo de Alagoas, como poderíamos avançar para demais fases se não ultrapassar uma fase prevista no plano, independente de quem seja? Nossa posição, então, é transparente. Temos revisto a nossa atuação e discutido com os técnicos.”, reforçou.
Falta de vacina
Com a aplicação da segunda dose da Coronavac suspensa em vários municípios por falta de novas remessas, Ayres lamentou a situação, dizendo que, ao menos, os danos em Alagoas estão menores se comparados a outros estados. A previsão é que 15 mil doses da Coronavac cheguem ao Aeroporto Zumbi dos Palmares neste sábado.
“O ritmo de vacinação é aquém, o que é frustrante e vejo com preocupação. Porém, os governos estaduais estão tentando adquirir a vacina Sputnik para tentar ajudar na imunização e o que mais me preocupa com essa demora e atraso são as notícias que temos acompanhado do crescimento exponencial da pandemia na Índia. Neste mundo globalizado, esse crescimento traz preocupações, porque pode se tornar um celeiro produtor de novas cepas que podem chegar ao Brasil”, disse.
Pedido
Por fim, Ayres comemorou a queda na ocupação hospitalar após semanas de dados acima de 80%, o que fez Alagoas relaxar nas medidas restritivas, mas fez um lembrete à população que não dá para relaxar com a Covid-19.
“Oriento que a população permaneça seguindo as recomendações sanitárias. Essa queda na ocupação hospitalar não pode ser confundida com a falsa sensação de imunização da população”, finalizou.