O presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Antonio Barra Torres, disse em seu depoimento à CPI da Covid nesta terça-feira (11) que não sabe de quem partiu a ideia de tentar mudar a bula da cloroquina.
Ele foi questionado sobre declaração do ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta, que deu depoimento à CPI na semana passada. Mandetta disse que viu em uma reunião no Palácio do Planalto, no ano passado, uma minuta de decreto presidencial para mudar a bula da cloroquina e incluir que o remédio poderia ser usado no tratamento de Covid.
Mandetta disse também que, na ocasião, Barra Torres rechaçou a proposta.
“Eu não tenho informação de quem era o o autor, quem teve a ideia”, respondeu Barra Torres.
Barra Torres foi convocado após a aprovação de cinco requerimentos que pediam audiência com ele. Um dos temas centrais da audiência deve ser a recusa, pela Anvisa, da liberação da vacina russa Sputnik V.
No último dia 26 de abril, a Anvisa negou o pedido de autorização excepcional para a importação do imunizante russo.
Entre outros pontos, a agência argumentou que não recebeu relatório técnico capaz de comprovar que a Sputnik V atende a padrões de qualidade e que o adenovírus usado para carregar o material genético do coronavírus é capaz de se reproduzir e pode causar doenças.
Após a negativa da Anvisa, o Fundo Russo de Investimento Direto (RDIF, na sigla em inglês), que comercializa a Sputnik V, produzida pelo laboratório russo Gamaleya, afirmou que os comentários da agência sobre a vacina estavam “incorretos” e que a decisão de adiar a aprovação do imunizante poderia ter “motivação política”.
Ao justificar um dos pedidos de convocação de Barra Torres, o senador Ângelo Coronel (PSD-BA) afirmou que o processo da Sputnik V “foi envolto em polêmicas e supostas pressões de ambos os lados”.
G1