Há duas semanas, o governo do presidente Jair Bolsonaro enfrenta denúncias de supostas irregularidades na compra de vacinas contra a covid-19. Para 45% dos brasileiros, o governo federal não combate a corrupção. Outros 28% acham que o presidente tem agido para impedir desvios de dinheiro público, e 27% não concordam nem discordam.
É o que mostram os mais recentes dados da pesquisa EXAME/IDEIA, um projeto que une EXAME e o IDEIA, instituto de pesquisa especializado em opinião pública. O levantamento ouviu 1.248 pessoas entre os dias 28 de junho e 1° de julho. As entrevistas foram feitas por telefone, com ligações tanto para fixos residenciais quanto para celulares. A margem de erro é de três pontos percentuais para mais ou para menos.
A sensação de que Bolsonaro trabalha para combater a corrupção é maior entre os apoiadores. Na parcela de evangélicos, sua base mais fiel, 38% acreditam que o presidente faz o seu trabalho para impedir o desvio de dinheiro público. Por outro lado, quanto maior a escolaridade, mais alto é o sentimento de que Bolsonaro não trabalha contra a corrupção. Entre as pessoas com ensino superior, este número é de 58%.
Maurício Moura, fundador do IDEIA, observa que nas últimas semanas houve uma mudança na percepção dos brasileiros quanto a como o presidente lida para combater desvio de recursos no seu governo.
“Isso é ligado ao episódio da compra da vacina indiana Covaxin e s denúncias de uma potencial aquisição de um lote da AstraZeneca. Quase um quinto das pessoas mudou de opinião sobre a corrupção do governo na última semana. Dois terços dizem que ouviram falar que a CPI [Comissão Parlamentar de Inquérito] da covid-19 está apurando esses fatos de desvios de recursos. Ou seja, é um tema de bastante disseminação no imaginário da opinião pública hoje”, diz.
A pesquisa EXAME/IDEIA buscou ainda captar o sentimento das pessoas em relação às últimas denúncias apuradas pela CPI da pandemia no Senado. Entre os entrevistados, 67% dizem que ouviram falar dos trabalhos de investigação no parlamento. Outros 21% mudaram de opinião sobre o combate à corrupção no governo por parte de Bolsonaro.
Avaliação ruim e péssima continua recorde
As denúncias de supostas irregularidades na compra de vacinas também refletem na avaliação do governo. As pessoas que acham o trabalho do presidente Bolsonaro como ruim e péssimo somam 54%. O número é o mais alto desde que ele assumiu o Palácio do Planalto, em janeiro de 2019. Os que avaliam o governo como ótimo e bom são 23%, e os que acham regular, 21%.
Exame