Leonardo Ferreira
Relatos de pessoas que se recusam a tomar vacinas contra a Covid-19 de determinados fabricantes estão aparecendo em todos os estados brasileiros. Nesta semana, o prefeito de Cacimbinhas Hugo Wanderley, que preside a Associação dos Municípios Alagoanos (AMA), afirmou que vai recomendar aos municípios a colocação dos “sommeliers” para o fim da fila da vacinação.
O prefeito declarou que vai discutir e recomendar a medida na reunião com outros prefeitos e secretários de saúde na próxima segunda-feira (12). Para ele, as pessoas que negam se vacinar só atrapalham o plano de imunização.
“As pessoas que assinarem a recusa de tomar a vacina naquele momento serão encaminhadas para o final da fila, quando encerrar a vacinação para maiores de 18 anos. Não se justifica porque todas as vacinas têm eficácia comprovada”, afirmou Wanderley, lembrando que todas as vacinas são aprovadas por critérios técnicos da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
O tema também chegou ao governador Renan Filho. O chefe do Executivo estadual lamentou, nesta sexta-feira, que alguns cidadãos estejam escolhendo quais marcas de vacina tomar, uma vez que tantas pessoas morreram sem ter a oportunidade de ser imunizado com nenhuma delas.
“Esse momento não permite que exista esse tal sommelier da vacina. Nós temos vários imunizantes, mas o cidadão sabe que não pode escolher a vacina. Essa situação existe graças a dúvida que foi colocada sobre determinados tipos de imunizantes, em função da politização da pandemia”, opinou.
Perguntado sobre possíveis punições, Renan Filho abordou a questão da legislação. “É preciso checar a legalidade disso e não pode ser estabelecido por decreto”, disse.
“Punir esse cidadão que quer escolher a vacina, como, por exemplo, colocá-lo no final da fila da imunização, é algo que só pode ocorrer mediante a elaboração de uma lei. Por isso, eu peço para que a sociedade se conscientize e nos ajude a acelerar, ainda mais, o processo de imunização no estado”, emendou.
Ontem, porém, a Prefeitura de Santa Rosa de Viterbo, em São Paulo, decretou que quem escolher a marca do imunizante será colocado no fim da fila e terá que esperar a campanha em toda a população com 18 anos ou mais. No caso, será assinado um termo de recusa, com a presença de duas testemunhas.
A questão da legalidade da medida é alvo de debate entre operadores do Direito.
