Redação
O senador Renan Calheiros voltou a provocar, nesta terça-feira (27), o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, pela não abertura dos pedidos de impeachment contra o presidente Jair Bolsonaro.
Segundo o relator da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid, em entrevista ao Estadão, o motivo pelo qual Lira ignora os pedidos é que o governo está perdendo força, tornando-se minoria no Senado.
“O governo é minoritário no Senado. O Arthur (Lira, presidente da Câmara) não despacha o impeachment porque teme perder na própria Câmara. Por que você acha que ele não despacha o impeachment? Ele poderia recusar os pedidos. Mas, nesse caso, cabe recurso ao plenário e eles (aliados) temem não ter mais maioria. Só tem um link absurdo agora com o Parlamento, que é esse orçamento. Isso não resiste a nenhuma avaliação de constitucionalidade”, afirmou Renan.
Ele também contou que o colega Ciro Nogueira (PI), presidente do Progressistas, é muito hábil na política, porém, não vai conseguir arrumar o governo de Jair Bolsonaro, mesmo ocupando a chefia da Casa Civil.
“Ciro é um político talentoso e habilidoso, mas terá muita dificuldade. Nem Ciro consegue recomeçar um governo que apodreceu pela corrupção, incompetência, falta de projeto para o País. Eu não vejo alteração, não vejo como recomeçar um governo que apodreceu. Não é tarefa fácil, sobretudo se o Supremo Tribunal Federal desfizer o único link que existe do Executivo para o Legislativo, que é o orçamento secreto. Isso não pode continuar, isso é uma involução. Tiraram todas as regras de transparência, de coletividade e controle social do orçamento. Virou uma peça de alguns”, declarou o senador.
Na entrevista, Renan também contou quais os próximos passos da CPI, que deve retomar as oitivas no início de agosto após diligências internas. Ao todo, 33 pessoas já foram ouvidas pela comissão, cuja quebra de sigilo ultrapassa 62 casos, entre pessoas e empresas.
“Não pretendemos gastar esses 90 dias. Talvez tenhamos que antecipar (o fim da CPI), mas o relatório é no final dos trabalhos. Todas as linhas foram comprovadas, essa da vacina indiana Covaxin também foi (resultando no rompimento do laboratório Bharat Biotech com a Precisa Medicamentos). Tudo foi irregular: da mensagem do presidente, em 8 de janeiro, ao primeiro-ministro indiano – no momento em que o governo recusava a Pfizer – até o cancelamento do contrato (com a vacina Covaxin). A CPI tem procurado investigar fatos. Não estamos investigando pessoas. Continuaremos investigando fatos com absoluta isenção”, finalizou o senador.















