Redação*
Moradores dos bairros afetados pela mineração da Braskem participaram de sessão especial nesta sexta-feira (05), na Assembleia Legislativa, cobrando a abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que apure a reponsabilidade da mineradora pela tragédia socioambiental e os impasses com os valores das indenizações.
Pedindo ajuda aos deputados estaduais, o presidente da Associação dos Empreendedores e integrante do Movimento Unificado das Vítimas da Braskem, Alexandre Sampaio, foi quem sugeriu a ideia da CPI.
“O que justifica, diante do maior crime ambiental urbano numa capital, não ter havido ainda uma CPI com poder de ouvir, de investigar, de punir, de responsabilizar e, principalmente, de cobrar agilidade nas indenizações?”, questiona Sampaio.
Propositor do encontro, o deputado Galba Novaes (MDB) lamentou a ausência de representantes da responsável pelo desastre geológico que atingiu quatro bairros em Maceió: Pinheiro, Bebedouro, Mutange e Bom Parto, com a extração do sal-gema.
Novaes também cobrou maior transparência da empresa sobre os processos de indenização das vítimas. “Não há explicações nem informações sobre esses processos. As pessoas atingidas pela tragédia têm atravessado momentos de muita dificuldade”, observou o deputado.
“O que nós queremos é debater, dar conhecimento; a nossa função é trabalhar em prol da sociedade. E a sociedade não tem conhecimento, não sabe a quem recorrer”, disse Novaes, acrescentando que enquanto a Braskem diz – por meio de publicidades veiculadas na imprensa – que tudo está transcorrendo dentro da normalidade, a realidade é bem diferente.
“Se eu estiver enganado e eles (empresa) estiverem praticando o que estão dizendo, por que não vieram ao debate? É absurdo! E se a Braskem continuar a se omitir, a se esconder, a fugir, vamos tomar outras providências, dentro das nossas prerrogativas”, assegurou Galba Novaes.
Acordo
O deputado Cabo Bebeto (PTC), presidente da Comissão Especial do Pinheiro, Mutange e Bebedouro, disse que as primeiras demandas dos moradores se referem à divergência de valor das indenizações e à documentação exigida todas as vezes que se fecha um acordo com Braskem.
“Precisamos padronizar essa documentação e pontuar o que é legal ou não na cobrança”, observou o parlamentar, ressaltando que no tocante às divergências de valores, o caminho é o acordo entre as partes. “Nossa sugestão é que o Conselho de Corretores apresente uma lista de peritos para atuar quando houver litígio de valores”, ponderou, informando que a Braskem já se propôs a arcar com a perícia.
Câmara de Maceió
O presidente da Câmara de Vereadores de Maceió, Galba Neto, disse que o Parlamento municipal vem acompanhando o caso ao longo desses três anos e avalia que a situação se aproxima de um ponto crucial. “A união de forças entre os Poderes Legislativos estadual e municipal vai, de forma muito direta e precisa, pressionar a Braskem para que tenhamos uma resposta definitiva”, acredita. “Não podemos acatar isso de forma passiva”, disse.
A sessão especial contou com a participação do deputado Dudu Ronalsa (PSDB); do procurador-geral de Justiça, Marcio Roberto de Albuquerque; do secretário municipal de Governo, Francisco Sales; e dos promotores de Justiça José Antonio Malta Marques, Jorge Dórea e Marx Martins, além de diversos representantes dos moradores dos bairros atingidos pelas rachaduras provocadas pela Braskem.
com Ascom ALE