Redação
O major Marcelo Ronaldson destacou que dados apontam para o crescimento de casos de assédio moral e sexual dentro da Polícia Militar. Policial desde 1993, ele integra o Movimento dos Policiais Antifascismo de Alagoas e busca discutir melhorias para a instituição.
“Dados foram mostrados na última palestra na OAB que o número de assédios moral e sexual vem crescendo dentro da instituição. É preocupante, mas vem crescendo porque tem se preocupado em fazer esse tipo de análise e hoje as mulheres e as pessoas vêm denunciando. Acho que sempre existiu, mas hoje mudou a postura das vítimas, que vêm procurando seus direitos. Não adianta estarmos fechando os olhos e dizendo apenas que nós somos diferentes”, afirmou o major em entrevista à Folha/Mix.
“Ninguém aqui é contra a Polícia Militar, mas temos que parar de fechar os olhos e começar a ver os erros que nós cometemos, porque só assim vamos dar passos maiores na procura do que a sociedade quer”
Tanto o pai, como o avô de Marcelo foram policiais. Ele também lamenta que ainda há de parte da Polícia Militar um olhar discriminatório para pessoas pretas, pobres e LGBTQIA+.
“Buscamos uma Polícia cidadã, sem preconceito, que internamente receba a todos sem nenhum tipo de discriminação e aja com respeito às leis e aos Direitos Humanos”
O major lamentou ainda o silêncio dos políticos em relação a problemas em abordagens e ações. Defendeu, sobretudo, a instalação de câmeras corporais para gravar imagens e sons das abordagens e ações.
“É uma proteção para a sociedade e para os próprios policiais, agora isso serve para a maioria que trabalha dentro da lei. Quem for contra, temos que ter uma interrogação grande sobre essas pessoas. Por que você não quer que filme a sua atuação nas ruas? Fico muito reticente quando vejo policiais militares ou outros da Segurança Pública serem contra isso”, argumentou.
Por fim, Marcelo criticou quem defende o armamento da população como forma de melhorar a segurança.
“Qual o intuito disso? Uma mulher morre a cada 2 horas no Brasil, em qualquer discussão de trânsito alguém vai sacar uma arma. Então, são questões que a gente tem que discutir com profundidade e fico triste quando vejo pessoas que deveriam proteger a sociedade com esse tipo de discurso que virou moda de uns tempos para cá”, disse.