Mesmo pagando débitos, ela afirma que seu filho foi impedido de viajar para evento em Natal-RN porque entrou com ação judicial
Leonardo Ferreira – Repórter
Cyntia, mãe de um aluno do Colégio Marista de Maceió, se viu com uma intensa dor de cabeça após a instituição, segundo ela, retirar o estudante de atividades e depois impedi-lo de participar do principal evento do grupo educacional, em virtude de alguns débitos, que foram quitados, mas que de nada adiantou.
A mãe contou que o menino, cujo nome será preservado, foi constrangido e agora está arrasado e triste, já que é destaque no basquete e no voleibol, porém, não vai estar no InterMarista 2022, marcado de 03 a 06 de setembro, em Natal-RN. Ela já tinha comprado colchonete e outros itens para a viagem do garoto, que falava sobre os jogos o ano inteiro.
“Faltando 15 dias para o evento, eles me chamam dizendo que existiam pendências financeiras. E eu disse ‘está bom’, porque ele vai fazer 10 anos de Marista e algumas pendências de camisa e mensalidade eu pagava no fim do ano. Mas falaram que ele só participaria da equipe se quitasse tudo”, disse à reportagem.
“Quando eu estava viajando, recebi uma ligação que ele havia sido retirado do esporte em plena aula de vôlei. No outro dia, fiquei sabendo que foi retirado da sessão de orações, porque eu não havia efetuado o pagamento ainda. Aí botei uma ação na Justiça”, completou.
Indignada, ela entrou com uma ação judicial e, a partir daí, começaram as perseguições, mesmo quitando tudo no dia 26 de agosto, assim como pais de outros alunos, que foram incluídos na viagem, ao contrário do filho de Cyntia.
“Fomos várias vezes conversar e eles disseram que meu filho só ia para o InterMarista se quitasse tudo. Mas quando a gente conseguiu quitar as taxas, eles disseram que não poderia ir mais, não enviando o boleto do evento”, afirmou Cyntia, que pede danos morais na Justiça.
Na ação, o Marista alegou, segundo a mãe, que o estudante não havia sido convocado, o que seria o real motivo para ele não estar colocado na lista de viagem, negando a questão financeira. No entanto, Cyntia afirmou ter prints e áudios que comprovam a participação do garoto na equipe de esportes.
“Estava em Arapiraca e uma das mães me ligou e me disse o ocorrido, que tiraram ele da equipe de vôlei. Então tomei providências e fui falar com eles, que se acharam com razão. Não gostaram da minha atitude de mover uma ação por danos morais, pois meu filho ficou chorando na arquibancada”, desabafou a mãe.
Com a Justiça negando liminar, a mãe decidiu pedir apoio dos outros pais de alunos, através de abaixo-assinado, enquanto aguarda a apreciação do mérito pelo Judiciário. Um agravo no Tribunal de Justiça também foi interposto para ver se o menor consegue viajar a tempo de participar.
A lista de apoio conta com 39 nomes de pais sensibilizados com a situação de um colega de seus filhos. Um grupo de mães tentou falar com a diretoria e um grupo de alunos ainda realizou protesto interno, mas sem êxito.
Cyntia foi aluna do Marista durante sua infância e adolescência, por isso, escolheu o colégio para seu filho, que também começou na chamada socialização. Disse que está decepcionada com a direção e coordenação pois são quase 20 anos de ligação com a escola.
A advogada da família, Mirele Araújo, disse à reportagem que “o colégio permanece impedindo a participação dele sem qualquer justificativa, porque ele sempre treinou na equipe, foi convocado, fez a inscrição, realizando contra o garoto constrangimento e humilhação”.
Procurada pela Folha, a escola enviou nota. “O Colégio Marista Maceió segue as orientações da Justiça, que indeferiu o pedido de tutela de urgência feito pela mãe do estudante. Por se tratar de um aluno menor de idade, a instituição não pode divulgar informações sobre o caso”.