Carta aberta de uma mãe ao Grupo Marista

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Sou Thaysa, mãe de um aluno do 9º A Marista – Maceió. Sou mãe Marista há cerca de 10 anos, um dos meus filhos, hoje na faculdade, estudou no Marista até o 9º ano e depois contra minha vontade foi para uma escola fazer o ensino médio. E posso afirmar com muita convicção as diferenças de valores trabalhados, nas duas escolas. O Marista Maceió é uma escola que pratica, ou pelo menos praticava, valores éticos, morais, empatia e união, como também sempre esteve muito próximo da família. Por isso, meu outro filho ainda está na escola. Fiz esta contextualização para pontuar que as minhas considerações a seguir são baseadas em toda minha história de Marista.

Dito isto, queria falar da decepção e frustação de como o colégio Marista – Maceió conduziu o caso da mãe Cyntia e de seu filho. Fui juntamente com meu esposo e mais 3 mães no dia 31/08/2022 para conversar, com Sr. Diretor, mas, fomos recebidos pela Vice-diretora e coordenador de esportes. Na ocasião entregamos um abaixo-assinado, assinado por 39 pais, para que a escola refletisse e permitisse a ida do aluno ao Intermarista. Nesta conversa transpareceu para nós, pais presentes, que a escola estava resistente a resolver o problema do aluno, alegando que “agora era uma questão judicial”, e sendo mais um ato de querer atingir a mãe do que resolver o problema, demostrando uma posição unilateral sem se preocupar com o bem estar do aluno.

Incialmente gostaria de enfatizar que a direção da escola desconsiderou toda a história do aluno e sua mãe com a instituição. Um aluno que estuda com meu filhos desde da educação infantil e que sempre foi presente nas atividades esportivas e isso, tenho certeza que os professores não tem como negar, sempre participou de jogos internos e externos, sempre foi convocado em várias modalidades para fechar equipes, recentemente foi destaque nos jogos internos, participou do GEAL e participou da Copa Rosalvo de Vôlei (se ele não era da equipe como foi convocado?), então a alegação do colégio de dizer que o aluno não foi convocado e que não era da equipe, não se sustenta, pelo menos para nós.

Além disso, sua mãe a Cyntia (ex-aluna Marista, onde estudou por cerca de 12 anos) sempre foi uma defensora da escola, até mesmo em momentos complicados e polêmicos, Cyntia sempre nos tranquilizava e pedia calma para as mães e dizia: “a escola vai resolver”, “vamos ouvir a escola”, “o Marista é uma família”… Não quero aqui entrar na questão jurídica e de questões financeiras entre escola e família, mesmo achando um absurdo condicionar a matrícula do estudante no esporte à quitação de mensalidades e ressalto que isso nunca foi prática do colégio, pelo menos não no Marista Maceió.

Eu mesmo já deixei de pagar mensalidades e matriculei no esporte no meio do ano sem passar por essa situação e no final do ano regularizando posteriormente as mensalidades em aberto. Mas, o que me chama atenção nisso tudo foi a falta de empatia, respeito, compaixão e solidariedade com um adolescente que foi impedido de participar de uma atividade tão importante para seu desempenho esportivo. E ressalto que o esporte salva, o esporte agrega, o esporte forma pessoas, o esporte une…

O meu filho, por exemplo, estava introvertido, infeliz, afastado dos amigos e sua autoestima baixa, querendo mudar de escola, a orientadora educacional é testemunha disso, pois conversamos diversa vezes sobre ele. A inserção dele no vôlei foi essencial para sua melhora, e se fosse com ele? Ia ser um gatilho para retorno de um quadro inicial de depressão que ele vinha passando. O estudante foi frustrado de sonho, o estudante foi exposto em situações constrangedoras, como ser impedido de treinar e ser visto por amigos chorando na arquibancada e ser retirado do momento para o Intermarista, onde segundo colegas tinham outros estudantes que não iam para o evento esportivo participando (testemunho de seus colegas e uma das situações meu filho estava presente), o que é o mais grave, hoje seu emocional está abalado.

Será que o colégio não podia ter tido outra condução para evitar isso? Escrevo com o coração partido e me perguntando, em que momento esse colégio se perdeu? Hoje meu filho viajou junto com seus amigos para Natal, no entanto um momento que era para ser de alegria, vai também ser um pouco de frustração, como sei que para outros colegas também, porque aos seus quase 15 anos, ele já tem discernimento de entender que o que o Marista Maceió fez com seu amigo foi injusto, cruel e desumano.

Gostaria para finalizar, expressar todo meu respeito aos colaboradores (em especial aos professores dos esportes) porque tenho certeza que estes devem estar tão frustrados como nós mães, porque sabem do potencial do aluno que foi impedido de participar do Intermarista e não puderam intervir, pois a “ordem” vem de cima. Por fim, minha intenção com essa carta é tentar sensibiliza-los para que os valores praticados e tão consolidados pelos Maristas no Brasil não sejam perdidos, pois sempre tive orgulho e maior respeito pela instituição educacional que escolhi para meu filho.

Espero profundamente que os Maristas reflitam em tudo isso, e resgate os valores que sempre foram praticados ao longo desses anos. Quem escreve é uma mãe solidária a outra mãe, uma mãe decepcionada, mas uma mãe esperançosa que tudo isto sirva de aprendizado e que eu volte a ter a confiança de que o Marista é a melhor instituição de ensino da minha cidade.

Atenciosamente, Thaysa, mãe Marista Maceió

*O artigo opinativo é de inteira responsabilidade do autor

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