Redação
Na última terça-feira (13), uma pesquisadora do Datafolha em Alagoas relatou aos diretores do instituto que foi hostilizada por três homens que afirmaram ser eleitores do presidente Jair Bolsonaro (PL). Ela falou que foi abordada enquanto realizava seu trabalho, pois eles queriam ser entrevistados de todo jeito.
No mesmo dia, mas no Maranhão, uma mulher, depois de insistir sem sucesso para ser entrevistada, buscou um guarda municipal, sob a alegação de que a pesquisadora estaria coletando a digital dos entrevistados. Após avaliar o tablet, ele liberou a continuidade do trabalho.
As intimidações foram informadas à imprensa pelo próprio Datafolha, que registrou situações semelhantes nesta semana em vários estados. Segundo a diretora-geral Luciana Chong, o cenário piorou após as manifestações de 07 de setembro.
De acordo com ela, na maior parte dos casos, as pessoas que buscam intimidar os pesquisadores se declaram como bolsonaristas ou citam o nome do presidente, mas há casos também envolvendo eleitores de Lula (PT).
Nesta quarta (14), viralizou um vídeo de uma pesquisadora gravada por bolsonaristas no dia anterior na Vila Leopoldina, zona oeste de São Paulo.
“Se você é bolsonarista, ela não aceita, só aceita do Lula”, diz o autor do gravação, que usa outras expressões como: “Datafolha lixo”, “pilantragem do Datafolha”, “canalha”, “sujo”, “mentira”, “falsa”, “falcatrua”.
Em agosto, em Belo Horizonte (MG), quatro homens perseguiram uma entrevistadora, chamando o Datafolha de comunista e esquerdista. Ela saiu correndo e acabou caindo no chão e machucando o joelho.
“O que preocupa é a escalada, perceber que está piorando”, afirmou Renata Nunes César, que é diretora de pesquisa do Datafolha.
Segundo o instituto, os pesquisadores recebem um treinamento padronizado, que determina que pessoas que se oferecem para serem entrevistadas devem ser obrigatoriamente evitadas, para que a amostra seja aleatória.
*com Folha Press














