Em meio a um cenário global de crescente conscientização ambiental, o Brasil observou uma rápida ascensão dos veículos híbridos e elétricos. De acordo com a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (ANFAVEA), o número de veículos emplacados passou de pouco mais de mil em 2016 para quase 50 mil em 2022. Essa mudança vai além da questão ambiental, impactando também a economia do país.
De acordo com o CEO da Prisco Ambiental e especialista em Química Ambiental, Mateus Kühn, com a popularização das tecnologias limpas, um novo mercado automobilístico surge, gerando empregos e estimulando a pesquisa e o desenvolvimento.
Montadoras que antes se concentravam em modelos a combustão agora focam nos lançamentos de veículos elétricos e híbridos, principalmente devido à crescente demanda e ao potencial econômico dessa mudança. A chinesa BYD, em processo de instalação no Brasil, onde ocupará a antiga fábrica da Ford na Bahia, pretende produzir até 50 mil veículos elétricos por ano.
“O Brasil também direciona esforços para além dos veículos elétricos e híbridos, buscando outras fontes de energia renovável, como o hidrogênio, para um futuro ainda mais limpo e sustentável. O hidrogênio vem sendo apontado como a energia do futuro, por sua sustentabilidade, dependendo apenas de água para ser produzido. Alagoas se destaca nesse contexto e vai além: é um dos estados pioneiros em pesquisas relacionadas à produção do hidrogênio a partir da ação de bactérias. O processo de biodegradação controlada de resíduos industriais e agroindustriais resulta na produção do chamado biohidrogênio. Com essas pesquisas, o estado vem assumindo uma posição de destaque no cenário de inovação e sustentabilidade do país”, explicou o especialista.
Mateus Kühn destaca ainda que a matriz energética brasileira já é uma referência mundial em sustentabilidade e há espaço para avanços ainda mais significativos.
“O aproveitamento de resíduos industriais e agroindustriais para a produção de energia limpa não apenas minimiza os impactos ambientais, mas também valoriza os recursos locais e reforça a posição do Brasil como uma potência em soluções verdes e renováveis. Com a crescente demanda por veículos elétricos e híbridos, aliada aos avanços em energias renováveis, o país mostra-se cada vez mais comprometido com um futuro mais sustentável e econômico”.
O Doutor em Engenharia Hidráulica e Saneamento, Eduardo Lucena Cavalcante de Amorim, professor da Universidade Federal de Alagoas, ressalta que o hidrogênio é um dos combustíveis do futuro na indústria automotiva.
“Existe, sim, uma nova descoberta do hidrogênio verde. A tecnologia que é utilizada nos automóveis movidos a hidrogênio não necessita de motor a combustão interna e, por isso, não há trocas de óleo, não lança poluentes tóxicos na atmosfera, liberando no meio ambiente apenas vapor d’água”, disse o doutor em engenharia, que ainda ressaltou, que Alagoas tem um grande potencial para a produção do biohidrogênio gerado nos Arranjos Produtivos Locais da Mandioca, em Usinas de Etanol, nos Laticínios e indústrias cervejeiras, devido à ótima concentração de carboidratos e açúcares presentes nos resíduos gerados.