Redação*
O sistema usado para monitorar ilegalmente a geolocalização de celulares, foi utilizado pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin), mais de 30 mil vezes. A investigação é da Polícia Federal. O fato foi publicado em primeira mão pela colunista do jornal O Globo, Bela Megale.
Entre os alvos que teriam sido monitorados, estão 1,8 mil pessoas consideradas adversárias pela gestão de Jair Bolsonaro (PL), como jornalistas, advogados, políticos, policiais e até ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).
Nesta sexta-feira (20/10), a PF deflagrou a Operação Última Milha para investigar o uso indevido do software FirstMile sem autorização da Justiça por servidores da Abin.
Os agentes cumpriram dois mandados de prisão e 25 de busca e apreensão, além de medidas cautelares diversas da prisão, expedidos pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), nos estados de São Paulo, Santa Catarina, Paraná, Goiás, além do Distrito Federal.
Um dos presos é Rodrigo Colli, profissional da área de contrainteligência cibernética da agência. O outro é o oficial de inteligência Eduardo Arthur Izycki.
Outro investigado é Caio Santos Cruz, filho do ex-ministro e ex-aliado de Bolsonaro general Santos Cruz. Caio seria representante da empresa que vendeu o software para a Abin.
Milhares de celulares monitorados
Em março, a PF determinou a instauração de um inquérito para investigar denúncias de que a Abin monitorou celulares de milhares de brasileiros durante os três primeiros anos do governo Bolsonaro. O caso foi revelado pelo jornal O Globo.
Segundo a agência, o contrato de uso do software de localização teve início no fim de 2018, ainda no governo Michel Temer. O programa, chamado FirstMile, foi comprado por R$ 5,7 milhões da empresa israelense Cognyte, com dispensa de licitação.
A ferramenta permitia o monitoramento de até 10 mil celulares a cada 12 meses, bastando digitar o número da pessoa. Além disso, a aplicação criava históricos de deslocamento e alertas em tempo real da movimentação dos aparelhos cadastrados. Os agentes da PF identificaram mais de 30 mil usos ilegais do software.
Em nota, a Abin informou que o software de espionagem investigado pela Polícia Federal deixou de ser utilizado em maio de 2021 e que desde fevereiro deste ano há uma investigação interna sobre irregularidades no uso desse programa.
Informações colhidas nessa sindicância foram compartilhadas com a PF e o STF, segundo a agência de inteligência. Além disso, os afastamentos temporários de servidores determinados pela Justiça foram cumpridos nesta sexta.
*Com Metrópoles