Redação*
Uma parte da produção de alimentos dos acampamentos e assentamentos do MST em Alagoas será doada, na tarde desta quinta-feira (28), às famílias vítimas do crime ambiental da Braskem em Maceió. No total, serão entregues 10 toneladas aos moradores dos Flexais, comunidade que luta pela realocação após o crime da petroquímica na capital alagoana.
Batata, macaxeira, banana, abacaxi e outros itens produzidos nas áreas de Reforma Agrária serão distribuídos a partir das 14h no Parque da Lagoa, reunindo moradores e apoiadores da luta da comunidade afetada pela mineração.
“Sabemos do momento difícil que essas famílias vivem hoje em Maceió e o papel de toda a sociedade é contribuir no fortalecimento dessa luta por justiça e dignidade, contra a ganância daqueles que querem tomar tudo do povo maceioense”, destacou Débora Nunes, da coordenação nacional do MST.
Débora sinaliza que a ação de solidariedade dos acampados e assentados da Reforma Agrária é mais um momento de fortalecer a luta contra o crime ambiental que já é considerado como maior em solo urbano do mundo. “Ninguém luta de barriga vazia. As comunidades dos Flexais foram atingidas de diversas maneiras desde o início das denúncias contra a Braskem, fazendo a região que já sofria com as dificuldades do cotidiano das periferias, terem essas dificuldades ainda mais aprofundadas”.
“Nosso objetivo é partilhar aquilo que temos de melhor no campo, que é a nossa produção de comida saudável, como parte da nossa contribuição na luta dos moradores da comunidade. Esperamos com isso poder ajudar de alguma maneira nesse período de fim de ano, levando comida para a mesa de todos na região”, concluiu Nunes.
A doação se insere como parte da Jornada Nacional de Solidariedade contra à Pobreza e à Fome, que realizou ações em todo o país no último período nas periferias urbanas e rurais com doação de alimentos, cozinhas solidárias e mutirões de atividades.
#BraskemCriminosa
Já conhecido como o maior crime ambiental em solo urbano, o caso da petroquímica Braskem em Alagoas tem ganhado repercussão nacional e internacional no período, resultado da exploração de sal-gema desde os anos 70 na cidade de Maceió. São mais de 200 mil famílias atingidas direta e indiretamente, nos bairros do Pinheiro, Mutange, Bebedouro, Bom Parto e parte do Farol, no crime que afeta cerca de 20% da capital alagoana.
A ação criminosa da empresa resultou na destruição de bairros, casas e equipamentos públicos na região da exploração de sal-gema e que, desde os primeiros sinais da destruição dos imóveis na área pela instabilidade do solo, com as rachaduras, por exemplo, tornaram-se cenário de disputa dos rumos da cidade de Maceió no enfrentamento a ação da mineração.
Desde então, moradores dos bairros lutam por uma indenização justa. Sendo que alguns, até hoje, seguem em regiões de risco exigindo realocação, como é o caso dos Flexais.
Famílias atingidas reuniram um conjunto de reivindicações para demandar do Poder Público algumas necessidades para as comunidades de maneira emergenciais, entre elas: indenizações justas para todas as vítimas da Braskem; pagamento de aluguel-social para as pessoas que devem sair de suas casas ameaçadas; permanência da propriedade dos imóveis aos seus atuais proprietários; e pela discussão consultiva, decisória e urgente do Plano Diretor da cidade com a população maceioense e os afetados pelo crime socioambiental.
/Assessoria