O ex-personal trainer e ex-assessor de negócios de Jair Renan Bolsonaro é um dos citados na representação da Polícia Federal ao Supremo Tribunal Federal (STF) como um dos espionados pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin). E não demonstra surpresa.
Allan Lucena virou desafeto após romper relações comerciais com o filho mais novo do ex-presidente. À CNN, ele contou que já sabia que era espionado: “Sei bem disso. Senti na pele.”
O personal se refere a um episódio de março de 2021, quando identificou um agente da Abin no prédio onde mora. Ele acredita ter sido perseguido por vários pontos da cidade.
“O carro que eu ‘peguei’ na minha garagem era pessoal da Abin, me perseguindo”, contou.
Acionada, a Polícia Militar abordou o suspeito, que se identificou como Luiz Felipe Barros Felix, agente da PF cedido para a Abin. O episódio foi registrado em um boletim de ocorrência na Polícia Civil.
Ao ser chamado para prestar esclarecimentos, Felix contou que trabalhava na Abin vinculado diretamente a Alexandre Ramagem, então diretor-geral.
O episódio aparece no relatório que serviu de base para o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizar a operação que mirou o ex-diretor da agência e atual deputado federal Ramagem (PL-RJ), além de sete agentes da PF cedidos para a Abin. Entre eles, Luiz Felipe Barros Félix.
“Assim, relata-se que Luiz Felipe Barros Félix, agente de confiança de [Alexandre] Ramagem, que operava sob suas ordens, exerceu monitoramento, sem causa legítima, sobre Allan Lucena, personal trainer de Jair Renan Bolsonaro, com vistas a livrar este último de investigações já então em curso no inquérito policial”, diz trecho do inquérito da PF.
/CNN