Da Redação
O fato da semana na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Braskem foi que a empresa assumiu a culpa pela tragédia em Maceió. Em contato com o Grupo Folha de Alagoas, o relator da investigação, Rogério Carvalho (PT-SE), disse que isso demonstra a má-fé da petroquímica.
“O saldo desta semana é que nós conseguimos extrair, além da declaração da assunção da culpa, do fato da empresa assumir a responsabilidade pela tragédia ambiental que ocorreu em Maceió, em função da lavra ambiciosa da mina de salgema, também houve questionamentos sobre a forma como a contratante, a Braskem, neste caso, lidava com as empresas para fazer a avaliação do estado das minas e apresentava aos órgãos de controle”, disse o senador.
“Então mostra a má-fé da empresa na contratação, na entrega de dados seletivos e na produção de relatórios enganosos e que também foram acatados sem questionamento por parte tanto da ANM (Agência Nacional de Mineração), quanto por parte do Instituto do Meio Ambiente de Alagoas”, completa.
Em depoimento nessa quarta-feira (10), o diretor Global de Pessoas, Comunicação, Marketing e Relações com a Imprensa, Marcelo Arantes, assumiu publicamente na CPI a responsabilidade da mineradora. O executivo poderia ter ficado calado, pois havia conseguido um habeas corpus no Supremo Tribunal Federal (STF), mas decidiu abrir o jogo.
Segundo Rogério, a declaração do diretor reforça aquilo que já era sabido, sobre a responsabilidade da Braskem na tragédia. “A fala do senhor Marcelo só reforça aquilo que a gente já vinha identificando e concluindo com os trabalhos da CPI.”
“Fica claro, portanto, que a autorregulação, quando o setor que deveria ser regulado pelo Estado se autoavalia e entrega a avaliação para o Estado, geralmente resulta em catástrofes, como ocorreu em Mariana, Brumadinho e está acontecendo em Maceió”, finalizou o senador.