Ana Júlia Gomes e Natália Barros
Apesar de ter iniciado há apenas 30 dias, as fortes chuvas do outono já provocaram graves problemas à cidade de Maceió. Segundo alerta da Defesa Civil, emitido na última sexta-feira (19), já choveu o equivalente a 95% do volume total previsto para o mês de abril.
A capital alagoana vem registrando casos recorrentes de alagamentos e deslizamentos de terra, realidade que gera caos na vida urbana dos cidadãos. A cada temporal, a própria população compartilha nas redes os efeitos da falta de investimento público em melhorias na infraestrutura da cidade.
Por outro lado, a prefeitura de Maceió parece mais preocupada em investir na divulgação de projetos que prometem soluções imediatas, no entanto, não é o que a população vivencia no seu cotidiano.
Em 2022, o prefeito JHC apresentou uma nova tecnologia que utilizaria robôs para garantir o devido escoamento das águas pluviais na capital. O objetivo da ação seria a limpeza das redes obstruídas com a utilização de modernos caminhões vac-all ultrajatos, equipados com bombas cuja tecnologia é própria para limpeza de galerias pluviais, com alto poder de desobstrução e sucção.
A obra, com prazo de execução de 12 meses, custou R$ 9,4 milhões e, ao que parece, não trouxe os resultados esperados, já que diversos bairros enfrentam problemas com ruas alagadas, esgotos obstruídos, população submetida a situações de insegurança com risco de desabamentos e deslizamentos de terra.
O arquiteto e professor Dilson Ferreira explica que a proposta, resultado de um acordo da prefeitura com a empresa Goldman Soluções em Saneamento, não é suficiente para solucionar a real situação de Maceió. “Não adianta colocar robô, colocar jato, colocar nada disso, você só está simplesmente limpando a galeria. Mas não é só o problema de limpar a galeria, você tem que ampliar a drenagem dessa região”, ressaltou ele.
Com o avanço da urbanização, quintais e espaços de terra por onde a água entrava foram substituídos por concreto, calçadas, impossibilitando a penetração no chão. De acordo com Dilson, sem investimento em drenagem subterrânea e superficial, a tendência é o transbordamento.
“Em relação ao robozinho, ninguém viu os relatórios que foram feitos, ninguém sabe se esse robozinho mapeou toda a cidade. Se ele mapeou toda a cidade, onde está o mapa? Era bom perguntar isso. Mais uma vez, a prefeitura de Maceió não é transparente naquilo que ela faz”, finalizou ele.
No último domingo (21), o deputado federal Rafael Brito fez uma postagem no Instagram em que comentava sobre a situação enfrentada pelos maceioenses. “Hoje em dia em Maceió, não precisa mais nem chover tanto para ser um transtorno na vida de todo mundo”, disse ele.
O deputado ressaltou que o necessário ao povo são galerias de drenagem pluvial limpas e ampliadas, coleta de lixo e muito planejamento. Segundo ele, “mentira é comprar um ‘robô’ por quase 10 milhões de reais e a cidade viver cheia de enchentes com qualquer chuva! Vamos fazer o que é certo e o funciona de verdade para melhorar a vida das pessoas”.