Um estudante de biomedicina de Alagoas acionou a Justiça, no sábado (8), para pedir o reconhecimento de união estável com um padre do município de Itumirim, em Minas Gerais. O caso foi divulgado pelo Domingo Espetacular, da Record.
Os advogados de Fernando Gomes, 25, afirmam que ele e o padre Samuel Detomi, 32, viveram um relacionamento amoroso entre janeiro de 2023 e março deste ano. Na maior parte desse período, eles teriam vivido na mesma casa, localizada no município de Lavras.
A defesa do estudante quer que o padre pague pensão alimentícia a Fernando até que ele tenha condições de se sustentar. No momento, o estudante está desempregado.
O valor do pagamento solicitado é de um salário mínimo. Os advogados pedem para que uma pensão alimentícia também seja paga enquanto o processo estiver em tramitação.
Em maio, Fernando registrou um boletim de ocorrência contra Samuel por lesão corporal. Em entrevista ao Domingo Espetacular, o estudante diz que teve o rosto machucado quando o padre tentou retirar um celular da mão dele.
“Ele ficou muito agressivo ao ponto de tomar o celular dele da minha mão, para que eu não escutasse um áudio que pudesse comprometer ele em alguma situação, e acabou machucando meu rosto”, relatou.
Porém, essa suposta agressão não consta no relato do estudante no boletim de ocorrência enviado ao UOL pela defesa de Fernando. No documento, ele conta que sofria chantagem emocional e pressão psicológica, mas não cita o episódio de violência física.
O caso veio à tona neste mês, mas em maio Fernando já havia exposto nas redes sociais conversas entre ele e Samuel. Diante da repercussão, a Diocese de São João del Rei afastou o padre das atividades na Paróquia de São Sebastião do Macuco de Minas, em Itumirim.
“Isso se deu pela divulgação de material, veiculado nas mídias digitais, com conteúdo de denúncia em desfavor do referido sacerdote. Esse procedimento, apesar de muito doloroso, é necessário para que se possa alcançar o profundo e coerente discernimento diante das implicações práticas devidas às normas do Direito Canônico”, informou a Diocese.
Por meio de nota, a defesa do padre Samuel disse que não comentaria os detalhes do caso. Porém, confirmou o afastamento da paróquia e disse que “eventuais medidas cíveis ou criminais, acerca de fatos veiculados em rede social, serão adotadas perante a Polícia e o Poder Judiciário”.
O padre também registrou um boletim de ocorrência contra Fernando, mas o teor da denúncia não foi divulgado. Fernando Gomes afirma que conheceu Samuel Detomi em um aplicativo para relacionamentos. “Fomos jantar, Samuel se apresentou como psicólogo. Depois de jantar, a gente saiu de mãos dadas e fomos para praia”, disse.
Pouco depois, o estudante de biomedicina diz que descobriu, pelas redes sociais, que Samuel era padre. Confrontado, Samuel teria confirmado que exercia as atividades na paróquia. Depois de um tempo, convidou Fernando para morar junto com ele.
O estudante, que morava em Maceió, aceitou ao convite. Ele teria feito a mudança às custas do padre, que estabeleceu uma condição: o relacionamento tinha que ser mantido em sigilo. Os dois passaram a dividir a casa paroquial, em Lavras. “Eu ficava no quarto de hóspede, ele dizia que eu era seminarista”, conta Fernando.
O conflito teria começado após o padre organizar “orgias e surubas” na casa paroquial, segundo Fernando. “O requerido, ora Samuel, costumeiramente vivia se desentendendo com o requerente por motivos sexuais, pois mencionava propostas de fetiches desejadas somente por ele. O requerente, por sua vez, emocionalmente dependente, chegou a submeter-se algumas vezes aos desejos do requerido”, diz trecho da petição à Justiça.
/Agências