O deputado federal Rafael Brito (MDB-AL), condenou a tentativa da Braskem de “silenciar” os movimentos em defesa das vítimas do crime ambiental que provocou o afundamento de solo em 5 bairros de Maceió.
Para ele, esse comportamento é um reflexo do acordo bilionário entre a companhia e a prefeitura de Maceió: “o entendimento é que eles, os responsáveis pelo crime, receberam o perdão em troca de R$ 1,7 bilhão”, aponta.
O parlamentar considera um absurdo que a empresa tenha entrado na justiça até mesmo contra líderes de movimentos religiosos e políticos que defendem as vítimas do afundamento de solo causado pela empresa na cidade.
Pré-candidato a prefeito de Maceió, ele afirma que a mineradora foi legitimada nessa atitude após o acordo celebrado com a gestão do prefeito JHC (PL). “Esse acordo faz com que a Braskem, nesse momento, se sinta isenta de qualquer crime e não se preocupe mais em resolver a vida das pessoas”, disse Brito.
O deputado federal prestou solidariedade ao líder do Movimento Unificado de Vítimas da Braskem (MUVB), Maurício Sarmento, uma das pessoas intimadas na ação da mineradora e a “todas as vítimas que estão protestando lutando em nome das pessoas e sendo processadas nesse momento é por essa empresa criminosa”, acrescentou.
O deputado prometeu ainda fazer um pronunciamento na Câmara Federal contra o que ele classificou como “mais esse absurdo que a empresa está cometendo”.
O que aconteceu?
Na última semana, a Justiça de Alagoas intimou lideranças políticas e religiosas que participaram de um ato contra a empresa em 2021. Entre os réus da ação estão nomes como Pastor Wellington Santos, da Igreja Batista do Pinheiro, Cônego Walfrane, Pai Célio e o deputado estadual Ronaldo Medeiros (PT).
O pastor Wellington classifica a ação como uma tentativa de intimidação. Para ele, a ação da Braskem é uma tentativa de silenciar e ameaçar representantes e moradores que sofrem com o desastre causado pela mineradora.
“Nós realizamos um ato em dezembro de 2021, um protesto pacífico, interditamos as entradas da Braskem, porque queríamos nos manifestar, denunciar o crime. Colocamos uma urna funerária na porta, à época, para denunciar os 14 suicídios, que agora já são 16’’, apontou Wellington.
“É um ato que ameaça sim, as ameaças e as intimidações judiciais são utilizadas pelos poderosos, silencia a imprensa, silencia ativistas. A Braskem diz que se sentiu ameaçada, olha que ironia”, acrescentou.
Protesto à distância
A empresa responsável pelo afundamento do solo em cinco bairros de Maceió solicita em um acordo a proibição de qualquer manifestação contra a petroquímica em um raio de 10 km da empresa.
É possível verificar a provável distância que estaria impedida de receber manifestações. A sede da Braskem fica na Av. Assis Chateaubriand, no Pontal da Barra até a Av. Gov. Afrânio Lages, na Mangabeira, ou na Av. Fernandes Lima, próximo do Centro Educacional de Pesquisa Aplicada (Cepa), é calculado aproximadamente 9,6 km. Ou seja, até o bairro de Mangabeiras e farol, não poderiam ser realizados atos contra a mineradora.
/Assessoria