Redação*
Um dos maiores apoiadores de Jair Bolsonaro (PL), o pastor Silas Malafaia está decepcionado com o ex-presidente.
Ele acusa Bolsonaro de se omitir nas eleições municipais de São Paulo por medo de ser derrotado por Pablo Marçal (PRTB) caso o ex-coach vencesse o prefeito Ricardo Nunes (MDB), com quem o ex-presidente firmou aliança e até indicou um vice na chapa.
Afirma que enviou mais de 30 mensagens “duríssimas” para ele. E diz que o ex-presidente só não teria respondido porque recebeu o apoiou dele em momentos cruciais da vida —como no dia em que, “perto de ser preso”, chorou por cinco minutos ao telefone sem parar.
Mas uma pessoa o encheu de alegria: o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), a quem pretende apoiar para presidente da República caso Bolsonaro siga inelegível até 2026.
Durante entrevista, Malafaia disse que Bolsonaro foi sua “maior decepção” nessas eleições e argumentou que um líder não pode se pautar exclusivamente pelas redes sociais. “Que porcaria de líder é esse?”, questiona.
“Ele [Bolsonaro] não é criança. Sabe o que ele fez [na eleição de SP]? Jogou para os dois lados. Eu desafio: entra nas redes de Bolsonaro e dos filhos dele. Não tem uma palavra sobre a eleição de São Paulo. É como se ela não existisse”, afirmou o pastor.
“Covarde, omisso, que se baseia em redes sociais e não quer se comprometer. Fica em cima do muro. Para ficar bem sabe com quem? Com seguidores [de redes sociais]. Que político é esse, meu Deus? Que tem que estar onde o povo quer?“, indagou.
Silas relatou que cobrou de Bolsonaro uma posição sobre quem ele chamou de “canalha que falsificou documento [em referência ao laudo falso que apontava exame toxicológico positivo de Boulos para cocaína], que quer dividir a direita e o voto evangélico”. Malafaia também se referiu a Marçal como “psicopata” e “mentiroso”.
Ainda na conversa, Malafaia disse que enviou duras mensagens a Bolsonaro durante a campanha eleitoral tentando alertá-lo sobre as posições assumidas. Ele afirmou, ainda, que o aliado só não o bloqueou porque reconhece nele um “apoiador de primeira hora”, que o defendeu “nos momentos mais cruciais e críticos”.
“Ele estava chorando depressivo [na casa de praia que tem] em Mambucaba [em Angra dos Reis, no Rio], perto de ser preso. Liguei pra ele e falei: “Vai ficar chorando aí? Vamos para a rua, cara!”. Ele chorou por cinco minutos comigo no telefone antes de abrir a boca, no visor [chamada de vídeo]“, contou.
Em contraste com a decepção com Bolsonaro, Malafaia elogiou a postura do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), que na prática assumiu a posição de principal cabo eleitoral de Ricardo Nunes nessas eleições municipais. “Líder se posiciona. Olha o Tarcísio! O Tarcísio veio para o pau. Isso é líder!”, disse.
/com Folha de S. Paulo