Maria Clara Gomes*
“Um vizinho ligou para mim; eram quase duas horas da madrugada, dizendo que minha casa estava em chamas, estava pegando fogo. Aí, vim aqui e constatei, realmente, que alguém provocou esse incêndio. Esse é um incêndio criminoso.”
Esse relato foi dado pelo procurador do Ministério Público do Trabalho, Cássio Araújo, dono da casa incendiada na madrugada desta terça-feira (8) na rua Professor José da Silveira Camerino, no bairro do Pinheiro, em Maceió.
De acordo com o proprietário, o criminoso tentou entrar pela garagem, mas como a porta foi reforçada recentemente, não conseguiu.
“Ele subiu pelo telhado, abriu o alçapão e entrou na casa. Foi encontrado, inclusive, uma garrafa de álcool. Ele deve ter jogado álcool e colocado fogo antes de ir embora”, contou o advogado.
A ação abalou não apenas o patrimônio físico de Dr. Cássio, mas também o emocional, já que a residência era mais do que uma simples moradia. A família de Cássio Araújo possuía uma verdadeira biblioteca construída ao longo de toda uma vida. Quando questionado sobre o número de livros perdidos, ele revelou que a coleção incluía cerca de vinte mil volumes.
“Como tem muita obra jurídica que é cara, se calcularmos o valor médio de trezentos reais, o prejuízo chega a seis milhões de reais”, destacou.
O ocorrido também levantou questionamentos dos moradores da área sobre a responsabilidade da Braskem, empresa envolvida no processo de desapropriação de imóveis na região afetada pela instabilidade do solo.
Segundo Dr. Cássio, a petroquímica deveria garantir a segurança das casas evacuadas, o que, segundo ele, não foi feito no caso de sua residência. “É de revoltar, né? Profunda revolta. Ela tinha o dever de guarda e não guardou. Permitiu que um estranho entrasse na minha casa”, disse.
Quanto aos próximos passos, o proprietário do imóvel revelou que pretende tomar todas as medidas cabíveis para ir atrás dos responsáveis pelos danos sofridos.
“Vamos fazer um boletim de ocorrência e ingressar com uma ação judicial para cobrar todos os juízos, né? O incêndio ainda não foi completamente controlado, como dá pra ver pela fumaça. Quando acabar, vamos ver efetivamente o prejuízo, para a partir daí, cobrar a empresa que era responsável pela guarda e não cumpriu o seu dever”, explicou o procurador.
Ainda na madrugada, o Corpo de Bombeiros foi acionado e conseguiu controlar as chamas que estavam concentradas no primeiro andar da residência, onde havia uma grande quantidade de materiais inflamáveis, como os livros citados pelo proprietário do imóvel. Ninguém ficou ferido.
/Com supervisão