Redação
A notícia da morte de uma moradora dos Flexais que não resistiu à depressão e tirou a própria vida, nessa quinta-feira (31), é mais um retrato dos danos causados pela tragédia socioambiental fruto da mineração descontrolada da Braskem.
Maria Tereza da Paz, mais conhecida como Dona Pureza, tinha 62 anos e ingeriu veneno para pôr fim na sua vida. Antes do ato, ela deixou uma carta de despedida, responsabilizando a Braskem pela atitude desesperada. A comunidade está abalada, já que ela era muito querida.
“Cada vez que eu vejo os benefícios da Braskem, a minha desilusão aumenta. Estou cada vez mais depressiva em saber que vou ficar nesse isolamento para sempre”, diz o bilhete de Dona Pureza. A mensagem foi achada pelos vizinhos e colocada nas mídias sociais como sinal de luto e protesto.
O gato dela também teve a vida ceifada pelo veneno. Pureza ainda morava com a filha, uma mulher de 40 anos, especial, que foi encontrada agonizando em casa por uma sobrinha e socorrida para o Hospital Geral do Estado (HGE). O estado dela não foi divulgado até o momento.
Segundo a Associação do Movimento Unificado das Vítimas da Braskem (MUVB), Pureza seria a décima vítima a tirar a própria vida nos bairros atingidos pelo afundamento do solo. “Até quando? Onde vamos parar? Cadê a justiça?”, questiona a entidade.
Recentemente, a Defensoria Pública Estadual esteve numa visita às comunidades dos Flexais, para oferecer apoio ao pedido de realocação dos moradores. Uma das residências abarcadas foi a de Pureza, que revelou estar “sem chão” desde que aconteceu a tragédia.
- Nota: A Folha de Alagoas entende a sensibilidade em se divulgar casos de suicídio, mas, desta vez, o fato é o reflexo de uma das maiores tragédias em área urbana do mundo. Caso esteja com sinais de depressão, procure ajuda médica e ligue para o Centro de Valorização da Vida (CVV), número 188.