Mais duas pessoas receberam a notícia de que o tão sonhado órgão para o transplante já estava a caminho. Isso porque o Hospital Geral do Estado (HGE), em Maceió, por meio da Central de Transplantes de Alagoas, realizou a captação dos dois rins de um homem, de 49 anos, diagnosticado com morte encefálica, depois de ter sofrido traumatismo cranioencefálico.
As identidades, tanto do doador como dos receptores, não podem ser reveladas, conforme o Código de Ética Médica, que preza pelo sigilo do paciente e o direito constitucional à privacidade, também regulamentados pelo Código Penal. Entretanto, esse ato de solidariedade durante um momento tão difícil, como a morte de um ente querido, é digno de reconhecimento pela importância benéfica para a saúde pública.
“A Organização de Procura de Órgãos [OPO] do HGE, como de rotina, já estava atenta ao caso que poderia se caracterizar a morte encefálica. Com a realização de um protocolo específico, o diagnóstico foi informado e a notícia transmitida aos familiares por meio de uma conversa acolhedora, contando com a participação de médico, enfermeiro, assistente social e psicólogo. Somente com a autorização da família podemos iniciar o processo burocrático que viabiliza a captação dos órgãos”, explicou a coordenadora da Central de Transplantes de Alagoas, Daniela Ramos.
Após a captação autorizada, o Sistema Nacional de Transplantes (SNT) é informado para verificar qual perfil está mais adequado para receber os órgãos, conforme as características do doador. Essa busca é realizada considerando todos os candidatos cadastrados no Brasil, enquanto as equipes no local se organizam para a realização do procedimento em sala no centro cirúrgico. Durante a cirurgia, os cirurgiões avaliam, mais uma vez, se o órgão está apto para o transplante.
“Por isso nem sempre é possível captar todos os órgãos. Se durante os exames observarmos uma alteração, algo que possa sugerir mais um risco ao receptor, não captamos o órgão. E quando a cirurgia para a retirada é realizada, mais uma vez a equipe analisa o funcionamento e o estado do órgão. Caso estejam em boas condições, os órgãos são envoltos em solução de preservação em embalagens estéreis que são finalmente acondicionadas em caixas térmicas repletas de gelo macerado”, explicou.
Segundo o último levantamento realizado pela Central de Transplantes de Alagoas no mês de novembro, o estado tem 498 pessoas na lista de espera, sendo 484 por córneas, oito por um rim, quatro por um fígado e duas por um coração. O Governo de Alagoas tem se dedicado para diminuir essa espera, salvando vidas. Uma das tantas provas disso é o Programa Alagoas Transplanta, que tem se consolidado como referência na área de transplantes, com foco na captação e transplante de órgãos.
“Cada transplante realizado é um verdadeiro reflexo do comprometimento de todos os envolvidos, desde a captação até o acompanhamento pós-operatório. A Central de Transplantes tem trabalhado incansavelmente para garantir a eficiência na captação e distribuição de órgãos. A decisão dos familiares do doador, em um momento tão doloroso, é uma atitude de extrema generosidade e humanidade, que reverbera no coração de quem recebe a oportunidade de continuar vivendo”, completou Daniela Ramos.
/Agência Alagoas