A área afetada pelo afundamento do solo em Maceió, causado pela mineração da Braskem, pode ser maior do que o reconhecido oficialmente. O alerta foi feito pelo engenheiro civil e professor universitário aposentado Abel Galindo, que apontou a possibilidade de impactos chegando até a Avenida Fernandes Lima, principal corredor de transportes da capital alagoana.
Durante uma inspeção na região da Rua Barão de José Miguel, no bairro do Farol, Galindo destacou que os danos estruturais em imóveis próximos à Fernandes Lima são um indicativo de que a movimentação do solo continua ocorrendo.
Apesar de garantir que não há risco à vida dos moradores, o especialista prevê que possa ocorrer a desvalorização imobiliária e prejuízos financeiros significativos para proprietários da região.
Segundo Galindo, mesmo com o processo de aterramento das minas realizado pela mineradora, o movimento de subsidência (afundamento lento do solo), deve continuar por pelo menos uma década. “Aquelas minas estão afundando, a Braskem está aterrando, mas elas continuam afndando mesmo aterrando. E como elas estão afundando, elas vêm tracionando toda a superfície do Pinheiro, de Bebedouro e do Farol”, explicou.
A Nota Técnica datada de abril de 2022, documento oficial da Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM) que veio a público recentemente, reforça a preocupação do especialista. O relatório sugere que a área afetada pode ser maior do que a delimitada oficialmente, incluindo bairros como Flexal de Cima, Flexal de Baixo, Bom Parto e Marquês de Abrantes, que não fazem parte da zona de risco reconhecida.
Nesta terça-feira (11), a Defesa Civil de Maceió informou que não há necessidade de incluir a região da Avenida Fernandes Lima no Mapa de Ações Prioritárias, um documento produzido pelo órgão em conjunto com o Serviço Geológico do Brasil (SGB) que delimita as áreas afetadas pelo afundamento do solo provocado pela mineração de sal-gema.
Segundo a Defesa Civil, a inclusão de novas áreas no Mapa de Linhas de Ações Prioritárias “passa por rigorosos critérios de avaliação”, como a velocidade mínima de movimentação de subsidência acima de 5mm/ano, e essa movimentação deve ser persistente durante o período avaliado.
De acordo com o órgão, o mapa em questão, contém “dados abaixo da movimentação que deve ser considerada, o que pode representar apenas valores dentro do limiar de ruído”.