Redação
Funcionários do Itaú realizaram, na manhã desta terça-feira (8), uma mobilização em frente à agência localizada no Centro de Maceió. A paralisação parcial das atividades, que durou até o meio-dia, fez parte do Dia Nacional de Luta dos Bancários do Itaú, movimento que ocorreu simultaneamente em várias cidades do país.
O protesto teve como principal foco denunciar a política de reestruturação adotada pelo maior banco privado da América Latina, marcada pelo fechamento de agências, demissões em massa e o que os trabalhadores classificam como um processo crescente de adoecimento físico e mental da categoria.
Durante o ato em Maceió, dirigentes sindicais distribuíram panfletos à população, dialogaram com clientes e colegas bancários e colaram faixas de denúncia na entrada da agência. Um grupo de teatro também participou da ação, interagindo com o público para representar, de forma lúdica e crítica, os impactos da política do banco sobre seus funcionários.
De acordo com o Sindicato dos Bancários de Alagoas, a mobilização buscou chamar atenção para o desmonte do atendimento presencial nas agências, que está sendo substituído por soluções digitais. Segundo a entidade, a modernização tecnológica tem sido usada como justificativa para a redução do quadro de pessoal e o encerramento de unidades em diversas regiões do país.
“”A direção do Itaú precisa ser desmascarada. Eles tentam esconder a política de demissões atrás de discursos tecnológicos, mas a verdade é que estão destruindo empregos e adoecendo a categoria. O banco lucra nas alturas enquanto a base sofre. Estamos nas ruas para romper esse silêncio”, declarou o presidente do sindicato, Márcio dos Anjos.
Dados da categoria revelam que o banco já fechou 120 agências apenas em 2025 e anunciou o encerramento de mais 55 unidades até o dia 4 de agosto do próximo ano. Mesmo com o encolhimento da rede, o Itaú registrou lucro de R$ 11,128 bilhões somente no primeiro trimestre deste ano.
“O cenário é alarmante”, disse o diretor do sindicato, Thyago Miranda. “A justificativa oficial é a “reorganização” da rede, mas o que se vê na prática é a substituição de empregos por máquinas, o desmonte do atendimento presencial e o total descaso com o impacto social dessas medidas”, concluiu.
A pressão por metas e o medo constante de demissão são apontados pelos bancários como causas de uma epidemia de adoecimento mental e emocional. Segundo Luciano Santos, bancário do Itaú e presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT) em Alagoas, a mobilização é uma resposta direta ao que chamou de “modelo cruel” de gestão.
“Fala em inovação, mas o que vemos é fechamento de agências, demissão de colegas e comunidades inteiras ficando sem atendimento. É perversidade disfarçada de eficiência. A luta de hoje é um grito coletivo contra o descaso e a desumanização”, afirmou.
Também presente ao ato, Cláudio Gama, diretor do sindicato e funcionário do Itaú, destacou o clima de esgotamento entre os trabalhadores. “Estamos vivendo um processo de exaustão. Os colegas trabalham sob pressão constante, metas irreais e medo de demissão. O resultado é adoecimento em massa”, disse.
A mobilização em Maceió reforça a disposição dos bancários em resistir às mudanças implementadas pela instituição financeira. Segundo o sindicato, novas ações devem ser realizadas caso o banco mantenha o atual modelo de gestão.