Redação
Com Hugo Motta (Republicanos-PB) à parte, o acordo para liberar o plenário da Câmara dos Deputados teria sido fechado no gabinete do parlamentar alagoano Arthur Lira (PP), ex-presidente da Casa e que possui melhor relação entre governistas e oposição.
Líderes partidários do Centrão e de Direita, em especial os bolsonaristas, procuraram Lira em Brasília para costurar o acordo que acabasse com a ocupação da presidência da Câmara Federal. A informação foi revelada por jornalistas do Grupo Globo, como Andréia Sadi e Malu Gaspar.
“Estavam todos no gabinete de Lira porque se recusavam a discutir o assunto com o próprio Motta, que àquela altura, já depois das 19h, esperava em sua sala junto com outros líderes do Congresso. Ele tinha acabado de anunciar que, às 20h, tomaria posse da cadeira nem que fosse na marra. Havia, inclusive, mandado chamar a polícia legislativa, que espalhou seus agentes pelo plenário”, escreveu Malu, no seu blog.
Segundo Sadi, o grupo decidiu recorrer ao ex-presidente da Câmara para costurar o acordo que encerrou a ocupação porque o “café de Motta é frio e o de Lira sempre foi quente”. Resta saber agora se Motta, avaliam, vai cumprir o que foi acertado.
No caso, a anistia aos envolvidos no 8 de janeiro não seria pautada agora, e o acordo teria os seguintes pontos:
- Votação da chamada Proposta de Emenda à Constituição (PEC) das Prerrogativas, para definir que ações penais contra parlamentares só possam ser abertas com aval do Congresso, e que a prisão em flagrante de parlamentar só possa ocorrer em casos de crimes inafiançáveis listados na Constituição. A expectativa é que ela seja pautada na próxima semana.
- Que medidas judiciais contra parlamentares só possam ser cumpridas dentro do Congresso com o aval do Legislativo.
- E mudança no foro privilegiado, para que processos que hoje são de competência do Supremo passem a ser de competência de instâncias inferiores da Justiça. Entre bolsonaristas, há esperança de que isso tire a ação penal da tentativa de golpe de Estado, da qual Bolsonaro é réu, das mãos de Alexandre de Moraes.
Foi por isso que aliados do presidente Hugo Motta negaram que ele tenha feito acordo com a oposição bolsonarista para pautar o projeto de lei da anistia e a PEC de fim do foro privilegiado, porque Hugo não aceitou discutir nada enquanto não assumisse a cadeira da presidência.