Dois estudos sobre violência de gênero no âmbito político foram lançados na Câmara dos Deputados na última quarta-feira (27), com o apoio da Secretaria da Mulher. O evento marcou os quatro anos da lei que tipificou o crime de violência política de gênero, com o objetivo de garantir um ambiente mais plural, seguro e inclusivo.
A pesquisa apresentada pelo Instituto Marielle Franco, intitulada “Regime de Ameaça: Violência Política de Gênero e Raça no Âmbito Digital”, traz dados inéditos sobre violência nas redes sociais.
O estudo mostra que a violência política digital não é pontual, mas sistêmica e coordenada. Entre os casos mapeados, 71% das ameaças envolveram morte ou estupro, e 63% das ameaças de morte faziam referência direta ao assassinato de Marielle Franco, revelando um padrão simbólico e violento que transforma esse feminicídio político em uma advertência brutal às mulheres negras que ousam disputar o poder.
A maioria das vítimas é formada por mulheres negras cis, trans e travestis, LGBTQIA+, periféricas, defensoras de direitos humanos, parlamentares, candidatas e ativistas. A sistematização dos dados foi obtida a partir de atendimentos feitos pelo Instituto Marielle Franco, em parceria com o Instituto Alziras, o portal AzMina, o coletivo Vote LGBT, o centro de pesquisa Internet LAB, além de dados captados da Justiça Global e Terra de Direitos.
Trabalho conjunto
A diretora-executiva do Instituto Marielle Franco, Luyara Franco, destacou que o combate à violência política de gênero e raça precisa ser fruto de um trabalho conjunto entre os três Poderes e a sociedade civil organizada.
“Precisamos de novas legislações, mas também fazer valer o que já existe. Temos o Plano Nacional Marielle Franco de Enfrentamento à Violência Política de Gênero e Raça. É importante que o TSE [Tribunal Superior Eleitoral] e os ministérios consigam colocá-lo em prática, já que ele já foi estabelecido”, disse Luyara Franco, que é filha de Marielle.
Fonte: Agência Câmara de Notícias