Nesta segunda-feira (8), a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga o escândalo do roubo de benefícios de aposentados e pensionistas do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) vai ouvir um personagem que pode ser central para a estratégia da oposição de associar a gestão Lula (PT) a uma omissão no combate às fraudes: o ex-ministro da Previdência Carlos Lupi (PDT), que estava no cargo quando a história explodiu, em abril.
Na condição de convidado, o ex-ministro vai à CPMI do INSS, hoje, e terá de explicar por que a pasta não colocou um ponto final nas fraudes após ter sido avisado sobre os desvios em 2023. Em abril, a Polícia Federal e a Controladoria-Geral da União (CGU) deflagraram o escândalo das fraudes no INSS, na Operação sem Desconto que revelou desvios de, pelo menos, R$ 6,3 bilhões das contas dos aposentados e pensionistas entre os anos de 2019 e 2024.
A expectativa de governistas é de que o posicionamento do ex-ministro diante do escândalo tenha potencial para colocar em xeque a estratégia da oposição na Comissão, que consiste em reforçar que as fraudes só foram investigadas e encerradas porque o governo Lula assim determinou e que o problema foi mais grave durante a gestão anterior. Esse é o argumento dos integrantes petistas da Comissão desde a fatídica derrota inesperada que resultou na perda da presidência da CPMI no mês passado.
Contudo, o engajamento morno do público em geral em torno das investigações nas redes sociais tem apagado os esforços dos petistas, especialmente com o início, na semana passada, do julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) por tentativa de golpe de Estado no Supremo Tribunal Federal (STF).
O problema, tanto para as estratégias da oposição quanto para as da situação, é que já ficou comprovado que os descontos não começaram no atual governo. Tampouco no governo de Bolsonaro, como alegam deputados e senadores petistas. Embora o crescimento dos esquemas tenha se dado de 2019 a 2022, segundo os dados CGU, quadrilhas enganam aposentados e pensionistas há mais de uma década. O que resta, na estratégia do processo da CPMI, é apontar quem teve maior ou menor responsabilidade por deixar o esquema correr solto.