Adulteração de bebidas é a atividade ilegal que mais cresceu, diz ABCF

A adulteração de bebidas foi a atividade que mais cresceu no mercado ilegal, segundo a Associação Brasileira de Combate à Falsificação (ABCF). De janeiro de 2024 a janeiro de 2025, das 1,6 mil operações realizadas contra falsificações com apoio ou denúncia da entidade, 456 foram para apreender bebidas irregulares.

O prejuízo no setor foi de R$ 88 bilhões no ano passado. Já o fechamento de fábricas clandestinas aumentou de 12, em 2020, para 80 em 2024.

De acordo com o Anuário da Falsificação divulgado pela associação, o destino de grande parte dessas bebidas falsas são locais onde os consumidores não conseguem verificar a procedência, como bares e festas. Além do uísque, o gim e o vinho também passaram a ser alvos.

Para a entidade, a entrada do crime organizado impulsionou as falsificações. O presidente da ABCF, Rodolpho Ramazzini, defende a volta do sistema de rastreabilidade da Receita Federal.

“A ABCF defende há anos a retomada da rastreabilidade no setor de bebidas, dos mecanismos e ferramentas de controle de produção para que a gente possa diferenciar o produto legal do ilegal, original do falso, tanto para as autoridades quanto para os consumidores poderem estar atentos. E isso só vai acontecer quando for retomado o controle de produção.”

A Receita Federal informou que o sistema, desativado em 2016, monitorava refrigerantes e cervejas, e não vodka, gim ou uísque. O tema está em análise no Supremo Tribunal Federal, mas o Tribunal de Contas da União concluiu que não houve ilegalidade na decisão de desligar o sistema.

Mercado
A adulteração de bebibas é facilitada pelas garrafas usadas que abastecem o mercado de falsificação, já que há restaurantes e bares que não dão o destino adequado aos recipientes. Por isso, é preciso fiscalização para verificar para onde esse material está indo, diz o presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Vidro (Abividro), Lucien Belmonte. Mas ele também ressalta a responsabilidade dos empresários.

“Primeiro você tem uma pessoa que desvia garrafa no bar ou no restaurante ou no hotel. Você tem um grupo de pessoas que acumula essas garrafas e um cara que falsifica essa bebida e acha que não vai ser pego nunca. Tem uma cadeia de pessoas que está fazendo isso e tem um estabelecimento que compra.”

Até na internet é possível encontrar garrafas usadas de marcas famosas, com preços que vão de R$ 5 a R$ 400.

O presidente da Abividro defende que se torne crime a acumulação e posse de garrafas proprietárias – as que são identificadas com alguma marca específica – que não sejam enviadas para reciclagem.

*Agência Brasil

Sair da versão mobile