A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do INSS rejeitou, nesta quarta-feira (16), a convocação de José Ferreira da Silva, conhecido como Frei Chico, irmão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Dirigente do Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos (Sindnapi), ele era alvo de requerimento para prestar depoimento à comissão.
No total, foram negados 11 requerimentos de convocação apresentados por parlamentares da oposição, com placar de 19 votos contrários e 11 favoráveis. Frei Chico é vice-presidente do Sindnapi, entidade que está sob investigação por suspeitas de fraudes em benefícios previdenciários. Apesar disso, o irmão do presidente não é alvo direto das apurações conduzidas pela Polícia Federal.
A base governista se articulou para impedir a convocação. A orientação do líder do governo no Congresso, senador Randolfe Rodrigues (PT-AP), foi para votar contra o requerimento. Parlamentares aliados ao Planalto afirmaram que a tentativa de ouvir Frei Chico seria uma manobra para atingir politicamente o presidente Lula. “Não tem materialidade, não tem fato concreto, então içam alguém para tentar colar a imagem do presidente”, afirmou a senadora Eliziane Gama (PSD-MA).
O deputado federal Paulo Pimenta (PT-RS) também defendeu o posicionamento da base, ressaltando que Frei Chico exerce uma função simbólica dentro do sindicato e não há qualquer indício de envolvimento dele em irregularidades. “Ele é uma liderança histórica, sem papel executivo nas decisões do Sindnapi”, afirmou o parlamentar.
A oposição, por sua vez, criticou o que chamou de tentativa de blindagem. “O silêncio faz muito barulho. Por que os deputados que orientam contra querem o silêncio de Frei Chico? O silêncio tem muito a esconder”, questionou o deputado Luiz Lins (PL-RJ). Para ele, o comparecimento do irmão do presidente seria importante para esclarecer as suspeitas que pairam sobre a atuação do sindicato.
O senador Izalci Lucas (PL-DF) reforçou a crítica e disse que Frei Chico teria assumido a vice-presidência do Sindnapi com motivações políticas. “Ele usa o cargo para favorecer o sindicato e buscar mais beneficiários. Essa relação precisa ser esclarecida”, declarou. A CPMI do INSS deve retomar, nas próximas semanas, a análise de novos pedidos de convocação e quebras de sigilo de dirigentes do setor.