Por Hemilly Souza
O deputado estadual Lelo Maia (UB) e o vereador Zé Márcio Filho (MDB) acusam o Departamento Municipal de Transportes e Trânsito (DMTT) de Maceió de integrar um suposto esquema de favorecimento a empresários do setor, apelidado de “máfia dos guinchos”. De acordo com os parlamentares, agentes do órgão estariam realizando apreensões em massa de motos, muitas vezes sem irregularidades graves, para gerar lucro com as taxas de reboque.
As denúncias, que também apontam abuso de autoridade e conduta truculenta por parte de fiscais, ampliam a crise política em torno do DMTT e pressionam a Prefeitura a se explicar sobre o uso e a fiscalização dos serviços terceirizados de guincho na capital.
Segundo eles, o esquema funciona de maneira lucrativa: os guinchos apreendem o maior número possível de motos, cada veículo paga cerca de R$ 120 de taxa, e uma única viagem pode render de R$ 1.200 a R$ 1.500. Para Lelo Maia, a preferência pelas blitz em motocicletas não é por segurança, mas por rentabilidade, repassando custos ao trabalhador e beneficiando empresários do setor.
“Agora, se o mesmo guincho transportar um carro, ele só recebe R$ 120. Por isso, as blitz em motos são mais rentáveis para a ‘máfia dos guinchos’. Esse dinheiro sai do bolso do trabalhador e vai para o bolso do empresário. O pai de família precisa pagar a taxa do guincho e as diárias do pátio, o que pode totalizar mais de R$ 1 mil”, concluiu.
Além disso, os parlamentares também denunciam a conduta dos agentes de trânsito, que, segundo eles, não respeitam a população e agem de maneira agressiva. “Algo que tem preocupado cada vez mais os maceioenses é a forma truculenta, desumana e desrespeitosa com que os agentes do DMTT atuam, se achando acima da lei”, destacou Zé Márcio.
Segundo o artigo 270 do Código de Trânsito Brasileiro (CTB), algumas irregularidades podem ser corrigidas no local da abordagem, sem a necessidade de guincho. No entanto, os condutores afirmam que os agentes da DMTT descumprem a lei e realizam, de imediato, o recolhimento do veículo.
O deputado encaminhou ao DMTT o Ofício nº 0032/25, solicitando informações detalhadas sobre as autuações e multas de trânsito aplicadas no município entre janeiro de 2024 e setembro de 2025.
Entre as informações solicitadas estão: o número total de multas aplicadas; a classificação das infrações (graves, médias, leves e gravíssimas); a origem das autuações, especificando se foram registradas por equipamentos eletrônicos, blitz ou agentes de trânsito; a receita arrecadada com as penalidades, quando disponível; e a indicação de infrações convertidas em medidas educativas, conforme previsto no artigo 320 do Código de Trânsito Brasileiro (CTB).
ENTENDA O CASO
No dia 17 de outubro, o deputado Lelo Maia foi flagrado discutindo com agentes do DMTT. Nas imagens, o parlamentar contesta a abordagem de um veículo e afirma que o carro era utilizado apenas para levar clientes a audiências, sem fins lucrativos.
De acordo com o DMTT, o automóvel foi autuado por transporte irregular de passageiros, no entanto, o deputado declarou que o veículo é de sua propriedade, adquirido em um leilão do Senar, e que o mesmo ainda está em processo de transferência de titularidade.
Além disso, o parlamentar também afirmou ter sido vítima de abuso de poder durante a abordagem. Segundo ele, os servidores tentaram intimidá-lo, aumentando o tom de voz e segurando a arma de forma ameaçadora.
Após a situação, Maia instalou outdoors em Maceió com críticas à atuação do DMTT e passou a divulgar, nas redes sociais, denúncias de outros cidadãos sobre supostos casos de abuso na fiscalização do órgão.
O irmão do deputado, o vereador Zé Márcio, também tem se mobilizado nas redes sociais para denunciar o DMTT. O parlamentar tem colhido depoimentos de supostas vítimas de abordagens irregulares e levado a pauta à Câmara Municipal.
Em nota, o DMTT informou que encaminhou, no dia 23 de outubro, um ofício ao Ministério Público de Alagoas (MPAL) solicitando a abertura de investigação sobre denúncias recentes de supostas irregularidades nas ações de fiscalização do órgão.
O DMTT afirmou ainda que o pedido tem como objetivo apurar a veracidade das informações divulgadas em redes sociais e na imprensa, preservar sua credibilidade institucional e garantir transparência. O departamento também se colocou à disposição do MPAL para fornecer documentos, imagens e relatórios que contribuam para a elucidação dos fatos. Com a movimentação, o órgão acionou o MPAL, solicitando que sejam investigadas as acusações realizadas.















