Redação
Um documento técnico elaborado por pesquisadores brasileiros e alemães reacendeu o debate sobre a real dimensão dos riscos geológicos em Maceió. O relatório independente, encomendado pela Defensoria Pública de Alagoas, foi recentemente alvo de questionamentos do Ministério Público Federal (MPF), das Defesas Civis e do Serviço Geológico do Brasil (SGB). Apesar das indagações, o estudo traz uma constatação grave: a comunidade dos Flexais, no bairro Bebedouro, deveria ser incluída na Zona 00 – área de maior criticidade e que requer evacuação imediata.
Segundo o relatório, a região apresenta deslocamentos verticais e horizontais que indicam vulnerabilidade geológica significativa. Parte do território está sobre solos moles e próximos à Lagoa Mundaú, enquanto a porção mais alta sofre erosões e movimentos de massa. A combinação desses fatores, agravada pela convergência das minas de sal exploradas pela Braskem, representa risco concreto para as moradias. “Os Flexais precisam ser evacuados e incluídos na zona de maior risco”, afirmam os autores do estudo.
As respostas enviadas pelos pesquisadores ao MPF, disponíveis no documento obtido pela reportagem da Folha de Alagoas, esclarecem que os dados utilizados foram baseados em tecnologias de ponta, como interferometria por radar (InSAR) e medições geodésicas (DGNSS). O trabalho foi conduzido por uma equipe multidisciplinar com experiência em geologia de engenharia, sensoriamento remoto e análise de subsidência. Eles reforçam que o fenômeno de afundamento em Maceió “ainda está ativo e não mostra sinais claros de estabilização”.
A postura de órgãos técnicos federais, entretanto, tem sido motivo de preocupação entre especialistas e membros da Defensoria Pública. Nos bastidores, a avaliação é de que parte das instituições estaria tentando descredibilizar o relatório independente ( o único não vinculado a contratos com a Braskem). Essa percepção se agrava diante da falta de transparência de algumas notas técnicas anteriores, como a de número 04, que apontava falhas graves e acabou engavetada.
O estudo também recomenda que o monitoramento geotécnico seja intensificado com o uso de tecnologias mais precisas e instrumentos como fissurômetros em imóveis danificados. Além disso, sugere a criação de um mapa detalhado de níveis de danos por domicílio, o que permitiria compreender a extensão real do impacto da subsidência e direcionar políticas públicas de forma mais eficaz.
A conclusão dos pesquisadores é direta: o risco em Maceió não se limita às áreas já desocupadas. Novos territórios, como o dos Flexais, continuam expostos a movimentos do solo potencialmente perigosos. O alerta agora está lançado, resta saber como as autoridades irão reagir diante de um diagnóstico que desafia versões oficiais e expõe a urgência de medidas concretas para proteger vidas.
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