Com mais de três meses de salários atrasados e sem as mínimas condições para o exercício da profissão, os professores da Faculdade São Vicente de Pão de Açúcar entraram em estado de greve. A instituição fica localizada na cidade ribeirinha de Pão de Açúcar e atravessa um momento crucial na sua administração, inclusive após sofrer uma intervenção que resultou no afastamento do diretor geral, padre Petrúcio, sob a acusação de desvio de recurso.
Os professores estão sem receber os vencimentos dos meses de fevereiro, março e junho e alguns com meses anteriores, inclusive as gratificações extras e as orientações de Trabalho de Conclusão de Curso. De acordo com Eduardo Vasconcelos, presidente do Sindicato dos Professores de Alagoas, a nova administração se nega a abrir um canal de dialogo e apresentou uma proposta de divisão dos vencimentos em 18 meses.
O sindicato chama a atenção para o descumprimento de um acordo através do interventor padre Antônio “Motinha” em março deste ano. O acordo versava para o pagamento do mês atrasado junto com o mês trabalhado, além do pagamento dos encargos do INSS e FGTS, que são recolhidos dos docentes, mas não são devidamente repassados.
O sindicalista destaca ainda que vários canais de dialogo foram abertos com o novo grupo que, supostamente teria adquirido a instituição, o Grupo Digamma Educacional, mas sem sucesso. Segundo Vasconcelos, a nova administração tenta de todas as formas encontrar um meio para contratar novos professores e retaliar os que estão em luta.
“Mesmo com o estado de greve a proposta apresentada pela Digamma foi muito distante, inclusive com parcelamento em 18 meses, uma coisa totalmente desumana. Os professores da faculdade, como os professores do ensino médio e fundamental, além do pessoal de apoio estão passando necessidade, com problemas de saúde e com juros das contas vencidas se amontoando”, destacou.
Vasconcelos destaca que mesmo sem o pagamento dos vencimentos dos professores do ensino superior e com denuncias acompanhadas pelo Ministério Público do Trabalho e na Justiça do Trabalho, a instituição ameaça retaliar os professores e lançou por meio da imprensa um edital de contratação de novos profissionais. “Questionamos, mas qual a legalidade desse ato se nem os salários eles estão pagando?”, questionou.
Ainda de acordo com o sindicalista, serão acionados o Ministério Público Estadual e a Polícia Civil para investigar um suposto desvio de recursos da instituição. O desvio teria ocorrido na gestão que foi afastada pelo bispo da Diocese de Palmeira dos
Índios. Segundo ele, além de desvio de dinheiro, o sindicato vai pedir investigação sobre a ocupação de parentes do antigo diretor nos principais cargos da instituição “principalmente na tesouraria”.
“Nossa paciência se esgotou. Os professores não agüentam mais essa situação, sem falar que a instituição não oferece condições de trabalho. Exemplo, os professores viajam em condições de risco em uma van que não oferecem conforto algum, sem falar que eles não tem a mínima estrutura para proporcionar a troca de conhecimento com o alunado como computadores e outros instrumentos. Por essa razão os professores estão em estado de greve e podem parar as atividades por tempo indeterminado”, destacou.