Estrela do Paris Saint-Germain, Neymar foi expulso na última rodada do Campeonato Francês e, ao explicar o cartão vermelho, admitiu ter tirado satisfação por ter ficado revoltado com a sequência de faltas sofridas. A atitude, no entanto, está longe do que prega o técnico Tite, da Seleção Brasileira, que tem outro conselho para esse tipo de situação. No “Bem, Amigos!” de segunda-feira, o comandante do Brasil citou diferentes tipos de provacação feitas aos jogadores em campo, incluindo ofensas racistas, e contou a orientação que costuma dar aos comandados.
– Já tive atletas com experiências de cusparada na cara, com aspecto racial, e uma série de outros aspectos e coloco: nós vamos ser provocados de alguma forma, deixa de lado para jogar, vai jogar. Vai tomar cusparada, nossa mãe vai ser envolvida, em termos raciais vai acontecer… deixa de lado, vamos tocar nesse assunto quando terminar o jogo. Vamos fazer aquilo que a gente mais sabe fazer: jogar bola. Vai ter falta. Falo Neymar, William, Coutinho, vai ter pancada e vai ter pancada na sequência para desestabilizar vocês porque vocês têm muita qualidade técnica, são velozes. Deixa para a arbitragem, vão jogar – contou.
Diante da colocação de Tite, o comentarista Muricy Ramalho questionou a relação de Neymar com o treinador do PSG e se no clube ele também é aconselhado a respeito. Ao ouvir a colocação, o técnico da Seleção lembrou que Muricy também já treinou Neymar e afirmou:
– Tenho certeza que tu (Muricy) falava para ele, tenho certeza – disse, o que foi confirmado pelo ex-treinador, que lembra do quando Neymar era provocado em campo desde a época em que defendia o Santos.
Tite contou ainda que teve uma conversa com Muricy para falar sobre o atacante, antes de comandá-lo pela primeira vez, e ouviu elogios. Para o treinador, há um processo de amadurecimento, mas é preciso insistir em algumas orientações. Mais uma vez, ao citar a expulsão no PSG, ele insistiu que orientaria o jogador a não tirar satisfação.
– Eu não conhecia, nunca tinha trabalhado com o Neymar e liguei para o Muricy: “Me fala do Neymar”. Ele disse: “Tite, é muito fácil trabalhar com o garoto, o garoto é do bem. Trabalha para caramba, é jovem, vai precisar de alguma orientação, mas é muito fácil trabalhar com ele, trabalhar com Ganso e outros mais”. Tem um processo de amadurecimento também e de estar próximo de pessoas que digam a verdade, tanto para o bem quanto para o errado. Se eu estivesse do outro lado ia dizer: “Vai ter essa provocação, os caras vão fazer rodízio de falta. Esquece e vai jogar, cara. Para nós, para mim, para o teu melhor, porque o PSG precisa, a Seleção precisa”. O garoto é do bem, tem um coração danado! Ele pega o Artur (novato na Seleção), traz para dentro… para quem não conhece… me surpreendeu – completou.