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Anna Maria Maiolino ganha retrospectiva no Museu de Arte Contemporânea de Los Angeles

5 de fevereiro de 2018
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Quando estava perdida, Anna Maria Maiolino construiu um mapa quadriculado com um espaço para cada sentimento da hora. Lá estão dor, doença, morte, medo, solidão, amor e desespero. Em letras maiúsculas, a artista escreveu vida, arte e vácuo.

O vazio, talvez enquanto a materialização traiçoeira de todos os seus pavores e desejos, atravessa sua obra. Está nas enormes bocas abertas de suas figuras anônimas, nos buracos que rasgou em folhas de papel, nas cavernas que cavou com as mãos em blocos de argila e concreto.

Naquele desenho em que tenta pôr cada coisa em seu lugar, Maiolino refletia em chave seca sobre o turbilhão da mudança –ela se separava do marido, o artista Rubens Gerchman, e voltava ao Brasil depois de uma temporada em Nova York, onde viu mulheres rasgando sutiãs e manifestações contra a Guerra do Vietnã ganhando vulto.

Quase despercebido na maior mostra da artista já realizada nos Estados Unidos, agora no Museu de Arte Contemporânea de Los Angeles, esse trabalho é um contraponto ao lado mais sujo e visceral de suas obras de estirpe incerta –são peças rachadas entre o rigor minimalista e a crueza de gestos que partem de uma feminilidade sem filtro, uma mulher ancestral.

Nos cartazes espalhados pela cidade, a visão de um vulto azul com uma boca enorme faminta para engolir o horizonte revestem de coloração pop –e em total sintonia com Hollywood– a potência de Maiolino, uma das artistas mais relevantes no cenário mundial, que muitas vezes costura a intimidade doméstica aos horrores lá fora.

Suas seis décadas de trabalho espelham a fuga dela e de sua família de uma Itália arrasada pela Segunda Guerra, a passagem pela Venezuela, para onde migraram primeiro, seus anos nova-iorquinos e, por fim, o momento em que acabou fincando raízes em São Paulo, onde vive agora.

PARADOXO
“Fui uma andarilha”, diz Maiolino. “E fui criar um alfabeto, um discurso na arte por não pertencer a nada e a tudo ao mesmo tempo. É uma coisa muito paradoxal. Mas quando os brasileiros querem me ver como um artista de fora, fico ofendida. Tenho plena consciência que sou um produto da arte brasileira. Todo artista é um antropófago.”

Isso explica todos os seus fantasmas boquiabertos, mas também as alusões ao processo digestivo em todo o seu trabalho. Suas formas de argila modelada podem ser biscoitos ou rolos de massa esticados sobre a mesa ou dejetos espalhados no chão –as metáforas, ela diz, ficam sempre “por conta do espectador”.

Não por acaso, uma de suas fotografias mais famosas, em que se retratou sentada entre a mãe e a filha, com linhas de tecido ligando sua boca às das parentes, pode lembrar uma brincadeira doméstica, uma família italiana em seu almoço de domingo.

Mas Maiolino sintetiza ali uma busca por origens turvas e se retrata na condição da mulher que lutou para ser artista. A rotina do lar é recriada à luz de outro universo visual, virando do avesso a ideia de delicadeza ou fragilidade atrelada ao feminino.

“Sou uma artista contemporânea com um pé na tradição, mas estou o tempo todo transgredindo essa tradição”, afirma Maiolino.

“Costumo dizer que tenho séculos dentro de mim. É a questão de ser uma mulher, mas ser uma mulher de uma geração já passada.”

Ecos dessa tradição afloram volta e meia em seu trabalho. Suas ações mais radicais, como a que se fotografou com a língua entre as lâminas de uma tesoura ou filmes em que a imagem de sua boca sublinha o som de gritos saídos de um calabouço, revisitam o auge da arte calcada na dor que construiu a era de ouro da performance.

Obras de pegada mais pop, em que se mostra mais perto dos experimentos da nova figuração, também fizeram coro às vozes de oposição à ditadura militar, mesmo que essa talvez seja a vertente menor de seu trabalho plástico.

Muito mais poderosos, seus desenhos e intervenções sobre papel, com rasgos e cicatrizes das folhas suturados com linha e agulha e ocos e vazios arquitetados com a fúria de tempestades premeditadas sobre as composições, lembram a vontade dos neoconcretistas de romper com o plano achatado da pintura.

Mas o verdadeiro curto-circuito veio depois. Na década de 1990, sua busca por algo mais físico levou às infinitas formas de argila que se alastram por mesas, paredes e pelo piso das galerias do museu.

Quem foi à Documenta, uma das maiores mostras de arte do mundo, em Kassel, na Alemanha, há cinco anos, vai se lembrar dessas mesmas formas dominando cozinha, sala e quartos de uma antiga casa no meio de um parque.

Em Los Angeles, no entanto, elas estão juntas dos cubos ocos de cimento que Maiolino realizou na sequência. São pequenos turbilhões petrificados, vistos só por frestas na casca quebradiça.

“Era medir tudo pelas formas criadas com as mãos”, diz Maiolino. “Essas obras são a demonstração da energia gasta.” Ou um estranho –e cósmico– elemento brutalista em que tudo é fóssil e ao mesmo tempo embrião –a mais pura de todas as forças.

Uol

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