A União Europeia emitiu um alerta contundente, nesta quarta-feira (18), afirmando que o Reino Unido está a caminho de uma separação danosa do bloco, já que não resultaram em um acordo as ideias do governo britânico sobre a polêmica fronteira entre Irlanda e Irlanda do Norte, chamada de ‘backstop’. O alerta é feito seis semanas antes da data prevista para o país romper com o bloco europeu.
Juncker afirmou que o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, disse-lhe na segunda-feira (16) que Londres ainda quer um acordo, mas que sairá da UE com ou sem um pacto no dia 31 de outubro – que é a data atualmente prevista.
Parlamentares pró-Brexit aplaudiram e vibraram na câmara.
Boris Johnson foi eleito pelo Partido Conservador para substituir Theresa May e teve como principal promessa concretizar o divórcio da União Europeia, que foi aprovado em referendo em junho de 2016, até o dia 31 de outubro.
Com esse intuito, ele impôs uma medida polêmica: o fechamento do parlamento nas semanas que antecedem o prazo final para o divórcio.
O premiê argumentou que a paralisação é necessária para que seja possível avançar a pauta legislativa. No entanto, a suspensão do Parlamento foi vista pela oposição – e mesmo por integrantes do seu partido – como uma iniciativa autoritária, que teve como objetivo afastar os parlamentares às vésperas de um momento em que está sendo definido um dos processos mais conturbados e controversos da história recente do Reino Unido.
Com isso, nos poucos dias em que tiveram de trabalho, na volta do recesso de verão, a Câmara dos Comuns aprovou uma lei contra um Brexit sem acordo e rejeitou a convocação de uma nova eleição geral no Reino Unido, deixando Johnson em uma saia justa. O pedido de um novo pleito daria ao premiê uma possibilidade de tentar restabelecer uma base de apoio.
Atualmente, o Parlamento está suspenso até 14 de outubro e a Suprema Corte britânica está julgando se a iniciativa foi legal. O mais importante tribunal civil da Escócia considerou a ilegal.
‘Tudo ou nada’
Líderes da UE se encontrarão para uma cúpula “tudo ou nada” em Bruxelas entre os dias 17 e 18 de outubro, duas semanas antes da possível concretização do Brexit, mais de três anos depois de os britânicos terem votado a favor da ruptura.
É improvável que o Reino Unido apresente uma série completa de propostas detalhadas e por escrito de como quer que o atual texto do acordo do Brexit, que foi rejeitado pelo Parlamento britânico, mude antes do final do mês, disseram fontes do Reino Unido e do bloco.
“Se esse for o caso, a cúpula terminará sem nada. Se é para haver um acordo, grande parte dele deve ser preparado com antecedência. Ele é técnico demais para deixá-lo aos líderes na última hora”, disse um diplomata da UE que lida com o Brexit em Bruxelas.
No pior dos casos, um Brexit sem acordo poderia significar grandes transtornos no comércio, no suprimento de remédios e alimentos frescos e um possível aumento da desordem pública, de acordo com os planos de contingência do governo britânico.
Juncker disse que o Reino Unido precisa apresentar propostas realistas para substituir o arranjo para uma salvaguarda exigida pela UE para evitar uma fronteira física entre a Irlanda do Norte, que faz parte do Reino Unido, e a Irlanda, que integra a UE, dentro do acordo de separação.
Reuters